AS EMOÇÕES DEVEM SER NORMATIVAS EM SALA DE AULA?

APONTAMENTOS PARA O DEBATE SOBRE O ESTATUTO DAS EMOÇÕES EM MÉTODOS PARTICIPATIVOS NO ENSINO JURÍDICO

Autores

  • José Garcez Ghirardi Fundação Getúlio Vargas

Palavras-chave:

educação jurídica, emoções, método socrático

Resumo

Este artigo sustenta a necessidade de se discutir, no âmbito da educação jurídica brasileira, o
estatuto das emoções em sala de aula. Demandas baseadas no desconforto emocional que os
discentes experimentam quando expostos a alguns temas e atividades tornaram-se recorrentes
a partir, sobretudo, das primeiras décadas do século XXI. Sustenta-se que essa sensibilidade
pós-moderna é incompatível com a lógica moderna que ainda hoje estrutura o funcionamento
das faculdades de Direito no Brasil. Esse ponto é apresentado a partir de críticas
contemporâneas ao uso do método socrático. As principais referências teóricas são Sennet,
2015, Paul, R., et al, 2016, Sokoloff, 2020.

Biografia do Autor

José Garcez Ghirardi, Fundação Getúlio Vargas

Professor Associado e tempo integral da FGV Direito SP (Graduação, Mestrado e
Doutorado). Pós-doutorado no Collège de France (2017), Chaire État Social et
mondialisation, com bolsa FAPESP, e na UNICAMP (2004). Mestre e Doutor em Estudos
Linguísticos e Literários em Inglês pela Universidade de São Paulo (1995 e 1998). Advogado
formado pela Universidade de São Paulo (1985). Coordenador do projeto CAPES-Print/FGV
"O Direito na Era Digital". É autor, entre outras obras, de Prisões, bordéis e as pedras da lei:
ensaios em Arte e Direito (Del Rey, 2020), Narciso em sala de aula: novas formas de
subjetividade e seus desafios para o ensino (FGV, 2016), O Mundo fora de Prumo:
transformação social e teoria política em Shakespeare (Almedina, 2011) e O Instante do
Encontro: questões fundamentais para o ensino jurídico (FGV, 2012).

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Publicado

2024-11-03

Edição

Seção

Historicismo do Direito e Racionalidade Jurídica e Sistemas Sociais