YVONNE, ESMERALDA, VERÔNICA

A “PIEDADE” EM ROUSSEAU, O “ANTI-HUMANISMO TEÓRICO” EM FOUCAULT E A “SENSIBILIDADE MODERNA”

Autores

  • Luciano Oliveira UFPE

Palavras-chave:

Piedade, Humanismo penal, Rousseau, Foucault

Resumo

Este texto reflete e discute a trajetória de três personagens em épocas e locais diferentes: Yvone, Esmeralda e Veronica. As personagens servem de base para um exame do conceito de piedade da obra do filósofo Jean-Jacques Rousseau e suas relações com a “sensibilidade moderna” - fenômeno que marca o horror da crueldade da punição física. No direito, a formação de uma “sensibilidade moderna” está presente no movimento doutrinário do humanismo penal. Na discussão sobre o humanismo, outros conceitos são mobilizados e articulados a partir da Antropologia, da Sociologia e da Filosofia, com destaque para o pensamento de Michel Foucault para caracterizar a sensibilidade a partir de determinantes sociais. No final, é tensionada a reflexão da sensibilidade moderna no âmbito jurídico, para sustentar casos – como de Yvone - que escapam de determinações sociológicas e que revelam as iniquidades de que grande parte do mundo é feito.

Biografia do Autor

Luciano Oliveira, UFPE

Luciano Oliveira é mestre em sociologia pela Universidade Federal de Pernambuco e Doutor também em sociologia pela Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais (Paris). É professor aposentado da Faculdade de Direito do Recife e ex-professor da Universidade Católica de Pernambuco. Publicou, entre outros, os seguintes livros: Do Nunca Mais ao Eterno Retorno: uma reflexão sobre a tortura (Brasiliense), O Aquário e o Samurai: uma leitura de Michel Foucault (Lumen Juris), E se o Crime Existir? (Revan). E-mail: jlgo5283@gmail.com.

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Publicado

2024-11-03

Edição

Seção

Historicismo do Direito e Racionalidade Jurídica e Sistemas Sociais