Levantamento de Questões sobre o Reconhecimento da Fala do Autista

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Glória Maria Monteiro de Carvalho
Telma Costa de Avelar

Resumo

No que diz respeito à caracterização dos distúrbios nas produções verbais dos autistas, tem sido destacado, nos vários estudos da área, o caráter de “eco” dessas produções, no sentido de que as palavras são repetidas na forma como são ouvidas. Por sua vez, tem-se realçado, em tais repetições, seu aspecto de estereotipia, rigidez ou imobilidade – o que produz um efeito de estranhamento no ouvinte – constituindo-se, portanto, numa marca de singularidade da sintomatologia de natureza verbal, no autismo. Nesse sentido, o presente artigo colocou em discussão o reconhecimento da referida singularidade, comparando-o com os efeitos provocados (no investigador) pelas produções verbais, também singulares, da criança que não apresenta distúrbios na sua trajetória lingüística. A partir de uma tal comparação, algumas questões foram levantadas, tendo sido sugerido que o reconhecimento da singularidade das verbalizações ecolálicas do autista se daria pela via inversa do reconhecimento do caráter singular da fala do sujeito, no início de seu percurso de aquisição de linguagem.


 

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Referências

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