Diálogo nas Fronteiras

Resumo

O editorial proposto para este volume do Cadernos de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo vislumbrava um conjunto de textos que discutissem, no campo da Arquitetura e Urbanismo, a «visão dualista que orienta a construção dos raciocínios analíticos que ainda prevalecem nas interpretações dos tempos atuais». A exemplo de uma possível interpretação, aproximada ao proposto pela curadoria de Alejandro Aravena na Bienal de Veneza de 2016, o edital orientava para abandonar o simplismo do raciocínio que, ainda hoje, oscila entre opostos. Visava também, discutir, a partir das temáticas específicas de cada artigo dentro do campo que abrange a cidade e a vida urbana metropolitana, as possibilidades de "diálogo nas fronteiras". O intento do edital almejava uma conversa entre dois campos adversos que, para situar-se nas fronteiras, explicitasse conflitos. E, para tal, desenhasse lugares onde as contrariedades se valessem da troca de ideias para um entendimento que não fosse uma fusão, mas a marca de uma descontinuidade e/ou o encontro de um acordo tácito. Eventualmente, mantendo ambos os termos – como em «a invenção de se permanecer naqueles espaços do rio, de meio a meio, sempre dentro da canoa» este lugar outro de "A terceira margem do rio" de João Guimarães Rosa1. Ou mesmo que, como "subversão sutil, se esquivasse do paradigma e encontrasse não uma síntese, mas um terceiro termo, excêntrico e inaudito" (BARTHES, 1973)2. Os artigos endereçados ao volume 2017-2 do CadernosPós responderam às expectativas de situar seus argumentos e temáticas em espaços de exceção. Amparados em formulações de novas alternativas conceituais, os autores trabalharam com ideias fortes para informar a ação do projeto e seus textos trazem a marca de eminentes e novas associações.