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  • Maria Isabel Villac

Resumo

E por falar em Ensino, Pesquisa, Extensão, o volume 17, número 1 do CadernosPós propôs discutir proposições e interpretações virtuosas que sinalizassem a condição contemporânea da questão da cidade consolidada e da importância da experiência como dado de projeto e como centro gerador da complexidade da epistemologia.

Os artigos aqui publicados atendem a essas demandas, com distintas abordagens e estruturas de investigação ancoradas em temáticas não unitárias e relacionais entre si. Da mesma maneira, assinalam possibilidades de ação, pelo raciocínio de projeto e pela interdisciplinaridade inerente ao processo projetual, que podem ser referenciais na construção teórica e prática da disciplina frente aos desafios atuais.

INSTRUIR-SE NOS RELATOS HISTÓRICO-CRÍTICOS

ESCOLA: Didática, Programas, Projeto

O primeiro artigo deste número, aqui publicado via convite, El taller de diseño: antecedentes y desarrollo del espacio principal de formación del arquitecto peruano desde sus inicios en 1910 hasta 1955, relata a constituição da escola de arquitetura no Peru, a partir de autores e instituições que, entre outras, mostra a relação intrínseca com outras áreas do saber como origem dos cursos de arquitetura.

O que aparece como mais importante e peculiar do processo de concepção da escola peruana, é a inter-relação entre escola e as necessidades do contexto da sociedade e da cidade. E, é nesta afinidade que o protagonismo do ateliê, na formação e na gestão, adquire características de laboratório, ou seja, se define como usina de ideias projetuais.

DECISÕES: uma experiência de gestão

O segundo artigo, Inovações e Ausências na Gestão do Patrimônio em São Paulo, atento à dispersão dos saberes, à falta de diálogo entre disciplinas para uma ação de estrutura e raciocínio integrado, discute ações e aponta omissões na gestão do patrimônio em São Paulo. Estas últimas consideradas como orientadoras da necessidade de uma visão crítica em relação à formação de estudantes, no que respeita ao apreço pelas pré-existências.

QUESTÕES URBANAS: legados de Projeto

Um encadeamento cronológico organiza ainda os textos que abordam e analisam a contemporaneidade das heranças e aprendizados advindos de ações de projeto. Com o foco em questões urbanas, Processos Territoriais e Paisagem: Porto na Cidade de Vitória (ES/Brasil) e Agentes modeladores da forma urbana: Saturnino de Brito, uma reflexão sobre seu projeto de embelezamento e saneamento para a cidade de Poços de Caldas, MG apostam na historiografia como dado imprescindível para a estruturação do conhecimento sobre a cidade.

A ESCOLA E O SABER DISCIPLINAR: projetos, teoria e projeto

O contexto disciplinar orienta a argumentação de O discurso através da prática na arquitetura paraguaia. O acercar-se à presença de uma ‘escola paraguaia de arquitetura’ na contemporaneidade se revela na narrativa de uma prática cotidiana do projeto no ateliê e na atividade de ensino, nas quais não há uma teoria a priori, mas sim uma ética que condiciona a invenção ao contexto onde o projeto se insere. As análises das escolhas estéticas, estruturais, materiais, espaciais, são feitas à luz de uma arquitetura adaptada à realidade social e econômica do país.

Ainda mais associado a uma aproximação disciplinar, o artigo Fazendo Arquitetura, Pensando Arquitetura: Novas Perspectivas na Teoria do Projeto se volta para os aspectos construtivos dos saberes advindo das práticas. O “problema epistemológico que circunda o projeto” é abordado como responsável por gerar um conhecimento que ultrapassa aquele colocado pela ênfase metodológica. Na relação intrínseca entre teoria e pratica, onde a teoria não se dissocia da ação do projeto e a relação que se estabelece entre os termos é aquela em que a pratica constrói um modo de pensar, o artigo confronta a abordagem pedagógica tradicional a incorporar a prática do projeto como questão alinhada a modos de pensamento contemporâneos.

PROJETO: apreender, na EXPERIÊNCIA,
o fundamento do lugar

Mais que qualquer outro argumento, a obra como um dado que alimenta a investigação e com a qual se dialoga com a experiência orienta os dois últimos artigos desta publicação. Em ambos, o uso como um processo de aprendizagem coloca, como questão: como podem os arquitetos incorporar a experiência e a incorporar em seus projetos de arquitetura e no processo de projeto?

No primeiro artigo, Promenade Brasileira faz uma descrição fenomenológica de uma obra autônoma e autoral que é, no entanto, resignificada pelas ações de apropriação. O segundo texto, Arquitetura como Narrativa, Baseada em Fatos Reais, discute a prática de concepção do projeto centrada em torno do uso e dos usuários. Em ambas as obras, a poética do uso e apropriação é o que produz significado arquitetural.

Para o foco do edital, uma interpretação aberta da relação entre forma e uso, que lança luz sobre as motivações subjacentes e o contexto específico em que estas práticas se desenvolvem, faz a crítica da hegemonia do projeto (e do projetista) a favor de uma prática específica de projeto ou experiência de obra. E, mais que nada, iluminam a questão do projeto contemporâneo na cidade consolidada.

 

Maria Isabel Villac

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Biografia do Autor

Maria Isabel Villac

Graduação em ARQUITETURA E URBANISMO pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (1977) e DOUTORADO EM TEORIA E HISTORIA DA ARQUITETURA - Universitat Politecnica de Catalunya (2002). Atualmente é professora dos cursos de graduação e pós-graduação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie e professora do curso de especialização do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Estadual de Londrina. Tem experiência na área de Arquitetura e Urbanismo, com ênfase em Arquitetura e Desenho Urbano. Como pesquisadora atua principalmente nos seguintes temas: arquitetura brasileira, arquitetura e cultura - arte, filosofia, literatura -, arquitetura e cidade, crítica de arquitetura e arquitetura e cidadania. Currículo Lattes

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Publicado

2017-08-07

Como Citar

VILLAC, M. I. Editorial. Cadernos de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo, [S. l.], v. 17, n. 1, p. 3, 2017. Disponível em: http://editorarevistas.mackenzie.br/index.php/cpgau/article/view/2017.1%20Villac. Acesso em: 26 dez. 2024.

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