Biourbanismos amazônicos

os milenares athromes amazônicos

Autores

  • Giselle Fernandes de Pinho Universidade Federal do Prá
  • Ana Cláudia Duarte Cardoso Universidade Federal do Pará

DOI:

https://doi.org/10.5935/cadernospos.v25n2p66-80

Palavras-chave:

Biourbanismo, Estruturação espacial do território, Processo tipológico territorial, Sistemas sociopolíticos, Modelos formativos

Resumo

Nas últimas décadas, a literatura tem explorado conceitos inovadores como biourbanismo e biomimética como potenciais soluções para desafios bioclimáticos. O biourbanismo postula que as cidades não devem ser percebidas como antíteses da natureza, mas sim como biomas altamente modificados moldados pela atividade humana. No século XX, acreditava-se amplamente que as florestas dificultavam o desenvolvimento de sociedades complexas, no entanto, estudos arqueológicos recentes lançaram luz sobre como, na Amazônia pré-colonial, os humanos foram capazes de se sustentar por milênios através de várias estratégias de biourbanismo. Este artigo explora a formação estrutural dos anthromes amazônicos, aplicando conceitos e ferramentas da Escola Italiana de Morfologia no que diz respeito à teoria da estruturação espacial do território baseada na cultura e ao processo tipológico territorial, considerando fatores como organização social, mobilidade e capacidade transformadora. O exercício baseia-se na organização de dados de pesquisas arqueológicas, e resultados sugerem que a região amazônica exibia um mosaico espacial caracterizado por uma distribuição irregular de áreas culturais e tipos territoriais bem definidos associados tanto a sistemas sociopolíticos complexos quanto a sistemas sociopolíticos minimalistas. Independentemente de sua complexidade, um processo de retroalimentação positiva foi observado nos anthromes amazônicos, que sofreram profundas alterações no início de seu ciclo de consolidação devido à influência dos modelos formativos europeus.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ADAMS, C.; MURRIETA, R.; NEVES, W. (orgs.). Sociedades caboclas amazônicas: modernidade e invisibilidade. São Paulo: Annablume, 2006.

ALENCAR, E. F.; SOUSA, I. S. de. Tradição e mudanças no modo de habitar as várzeas dos rios Solimões e Japurá, AM. Iluminuras, Porto Alegre, v. 17,

n. 41, p. 203-232, jan./jun. 2016. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/303750354_TRADICAO_E_MUDANCAS_NO_MODO_DE_HABITAR_AS_VARZEAS_DOS_RIOS_SOLIMOES_E_JAPURA_AM. Acesso em: 10 jan. 2019.

ARROYO-KALIN, M. A domesticação da paisagem: os solos antropogênicos e o formativo na amazônia. In: PEREIRA, E.; GUAPINDAIA, V. (org.). Arqueologia Amazônica 2. Belém: Mpge; Iphan; Secult, 2010. p. 879-908.

CANNIGIA, G.; MAFFEI, G. L. Tipologia de la edificacion: estructura del espacio antropico. Madrid: Celeste Ediciones, 1995.

CLEMENT, C. R. Crop domestication in the Amazon. Encyclopaedia of The History of Science, Technology, and Medicine in Non-Western Cultures, [S.L.], p. 1-7, 2014. Springer Netherlands. DOI: http://dx.doi.org/10.1007/978-94-007-3934-5_9876-1

CRULS, G. Hiléia amazônica. Belo Horizonte: Editora Itatiaia, 2003. (Reconquista do Brasil, v. 170).

ELLIS, E. C; RAMANKUTTY, N. Putting people in the map: anthropogenic biomes of the world. Frontiers in Ecology and the Environment, [S.L.], v. 6, n. 8, p. 439-447, Oct. 2008. Wiley. DOI: http://dx.doi.org/10.1890/070062.

ELLIS, E.; NICOLAS G. Anthromes 12K DGG v1 shapefile. Harvard Dataverse, v. 1, 2023. DOI: https://doi.org/10.7910/DVN/SZFCPX

ELLIS, Erle C. et al. People have shaped most of terrestrial nature for at least 12,000 years. Proceedings of the National Academy of Sciences, [s.l.], v. 118, n. 17,

p. 1-8, 19 abr. 2021. Proceedings of the National Academy of Sciences. DOI: http://dx.doi.org/10.1073/pnas.2023483118

ERIKSEN, L. Nature and culture in prehistoric Amazonia: using G.I.S. to reconstruct ancient ethnogenetic processes from archaeology, linguistics, geography, and ethnohistory. Lund: Lund Universiry, 2011.

HECKENBERGER, M. J.; PETERSEN, J. B.; NEVES, E. G. Village size and permanence in Amazonia: two archaeological examples from Brazil. Latin American Antiquity, Cambridge, v. 4, n. 10, p. 353-376, 1999.

HECKENBERGER, M. J., et al. Pre-Columbian Urbanism, Anthropogenic Landscapes, and the Future of the Amazon. Science, v. 321 n. 5893, P. 1214-1217, 2008. doi: 10.1126/science.1159769.

LOPES, L. O. do C. Várzea e varzeiros da Amazônia. 1. ed. Belém: Museu Paraense Emílio Goeldi, 2008.

MAGALHÃES, M. P. A phýsis da origem: o sentido da história na Amazônia. Belém: Museu Paraense Emílio Goeldi, 2005.

MAGALHÃES, M. P. Arqueologia de Carajás: a presença pré-histórica do homem na Amazônia. Belém: Companhia Vale do Rio Doce, 1994.

MCGREGOR, A. Biourbanism: cities as nature: a resilience model for anthromes. London: Biourbanism Publishing Pty Ltd, 2022.

MORAES, C. de. Aldeias circulares na Amazônia Central: um contraste entre fase paredão e fase guarita. In: PEREIRA, E.; GUAPINDAIA, V. (org.). Arqueologia amazônica 2. Belém: Mpge; Iphan; Secult, 2010. p. 581-604.

MORAES, C. de P.; NEVES, E. G. O ano 1000: adensamento populacional, interação e conflito na Amazônia Central. Amazônica, Belém, v. 1, n. 4, p. 122-148, 2012.

NEVES, E. G. Arqueologia da Amazônia Central e as classificações na Arqueologia Amazônica. In: PEREIRA, E.; GUAPINDAIA, V. (org.). Arqueologia amazônica 2. Belém: Mpge; Iphan; Secult, 2010. p. 561-580.

NEVES, E. G. Sob os tempos do equinócio: oito mill anos de história na Amazônia Central. São Paulo: Ubu Editora/Edup, 2022

PY-DANIEL, A. R. et al. Uma Santarém mais antiga sob o olhar da Arqueologia. Belém: Mpeg, 2017.

ROOSEVELT, A. C. The rise and fall of the Amazon chiefdoms. L’Homme, [S.L.], v. 33, n. 126, p. 255-283, 1993. PERSEE Program. DOI: http://dx.doi.org/10.3406/hom.1993.369640. Disponível em: https://www.persee.fr/doc/hom_0439-4216_1993_num_33_126_369640. Acesso em: 31 set. 2022.

SAUNIER, C. de N. M.; CARDOSO, A. C. D. Senhores das águas: quilombos da Amazônia paraense (século XIX). Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material, São Paulo, v. 33, p. 1-40, 2025.

SCHAAN, D. P.; RANZI, A.; BARBOSA, A. D. (org.). Geoglifos: paisagens da Amazônia Ocidental. Rio Branco: Gknoronha, 2010.

SOUZA, M. História da Amazônia: do período pré-colombiano aos desafios do século XXI. Rio de Janeiro: Record, 2019.

Publicado

2025-12-20

Como Citar

PINHO, G. F. de; CARDOSO, A. C. D. Biourbanismos amazônicos: os milenares athromes amazônicos. Cadernos de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo, [S. l.], v. 2025, n. 2, p. 66–80, 2025. DOI: 10.5935/cadernospos.v25n2p66-80. Disponível em: http://editorarevistas.mackenzie.br/index.php/cpgau/article/view/17914. Acesso em: 21 dez. 2025.

Edição

Seção

Artigos

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)