A Singularidade do Papel do Outro na Aquisição de Linguagem de Crianças Abrigadas

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Fernanda Rabelo de Carvalho Beltrão
Glória Carvalho

Resumo

A atividade interpretativa do outro tem papel essencial na aquisição de linguagem. Assim, com base no interacionismo de referencial estruturalista, o presente artigo objetiva discutir o papel de um outro específico – o cuidador – no percurso lingüístico de crianças abrigadas. Para atender a esse objetivo, realizou-se um estudo longitudinal, durante 11 meses, em uma instituição da Fundac/PE, tendo sido os diálogos de três crianças com a cuidadora responsável por elas registrados em áudio. Na análise de tais diálogos, destacaram-se os enunciados infantis que causaram estranhamento à cuidadora e/ou à investigadora e analisou- se a postura do outro/cuidador em relação a tais enunciados. Para realçar a singularidade do outro/cuidador, se fez uso de diálogos entre crianças e suas mães. Os resultados encontrados sugerem que o lugar de outro, assumido por um cuidador, apresenta marcas de singularidade que podem ser indicadas na forma como o outro/cuidador se relaciona com a fala infantil, como, por exemplo, na postura de indiferença que esse outro, muitas vezes, assume perante os enunciados insólitos das crianças.

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Como Citar
Beltrão, F. R. de C., & Carvalho, G. (2008). A Singularidade do Papel do Outro na Aquisição de Linguagem de Crianças Abrigadas. Revista Psicologia: Teoria E Prática, 10(1), 79–94. Recuperado de http://editorarevistas.mackenzie.br/index.php/ptp/article/view/739
Seção
Artigos

Referências

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