Adolescência e Relação Filho(a)-Mãe Solo: Percepção de Filhos(as) Adolescentes na Monoparentalidade Feminina

Conteúdo do artigo principal

Vanessa Antunes Alves
https://orcid.org/0000-0002-7858-411X
Andressa de Oliveira Barbosa
https://orcid.org/0000-0002-6956-9161
Caroline Rubin Rossato Pereira
https://orcid.org/0000-0001-9861-8391

Resumo

Este estudo teve por objetivo compreender a perspectiva dos(as) filhos(as) adolescentes sobre a sua atual fase do desenvolvimento, assim como sobre a relação com suas mães solo. Participaram do estudo 10 adolescentes que eram filhos ou filhas de famílias monoparentais femininas, simples ou extensa de um município no interior do Rio Grande do Sul. A pesquisa foi caracterizada como descritivo-exploratório e de cunho qualitativo. Em relação aos instrumentos, utilizou-se uma ficha de dados sociodemográficos e uma entrevista sobre ser filho(a) adolescente em uma família de mãe solo, a qual foi analisada a partir da Aná­lise de Conteúdo. Os resultados encontrados demonstraram que os(as) adolescentes do estudo tinham uma visão de certa forma adultizada de si, possivelmente por terem experiências preparatórias para as tarefas desenvolvimentais do mundo adulto. De modo geral, mantinham uma relação positiva com suas mães, com boa comunicação. Constatou-se a dificuldade de alguns adolescentes em se afastarem da figu­ra materna, para realizar novos investimentos concernentes à adolescência. Mesmo que algumas intercor­rências tenham sido percebidas, a relação filho(a)-mãe solo foi considerada de qualidade e características de saúde familiar estiveram presentes. Tais achados podem contribuir para o desenvolvimento de práticas profissionais e políticas públicas não estigmatizantes e de apoio aos filhos adolescentes e às mães solo no nosso país.

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Detalhes do artigo

Seção
ESPECIAL - Família, Relações e Parentalidade
Biografia do Autor

Vanessa Antunes Alves, Universidade Federal de Santa Maria, Departamento de Psicologia, Programa de Pós- -Graduação em Psicologia, Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brasil

Mestra em Psicologia pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal de Santa Maria - PPGP/UFSM. Possui graduação em Psicologia pela Faculdade Integrada de Santa Maria. Psicóloga Clínica na Abordagem Sistêmica, com atendimentos para indivíduos (adolescente e adulto), casais e famílias.

Andressa de Oliveira Barbosa, Faculdade Integrada de Santa Maria, Curso de Psicologia, Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brasil

Possui graduação em Fisioterapia pela Universidade Federal de Santa Maria (2004). Graduação em andamento em Psicologia pela Faculdade Integrada de Santa Maria. Especialização em andamento em Reabilitação aplicada ao autismo - Faculdade Unyleya. Especialização em andamento em Análise do comportamento Aplicada (ABA) para Transtorno do Espectro Autista - Faculdade CENSUPEG. Especialização em andamento em Psicomotricidade - Faculdade Uniasselvi. 

Caroline Rubin Rossato Pereira, Universidade Federal de Santa Maria, Departamento de Psicologia, Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brasil

Possui graduação em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Maria (2003), Especialização em Terapia de Casal e Família pelo Instituto da Família de Porto Alegre (2008), Mestrado (2006) e Doutorado (2011) em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Doutorado Sanduíche UFRGS/Univesity of Michigan). Atualmente, atua como Professora Associada do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Santa Maria/RS, integrando o Programa de Pós-Graduação em Psicologia desta instituição.

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