Adolescência e Relação Filho(a)-Mãe Solo: Percepção de Filhos(as) Adolescentes na Monoparentalidade Feminina
Conteúdo do artigo principal
Resumo
Este estudo teve por objetivo compreender a perspectiva dos(as) filhos(as) adolescentes sobre a sua atual fase do desenvolvimento, assim como sobre a relação com suas mães solo. Participaram do estudo 10 adolescentes que eram filhos ou filhas de famílias monoparentais femininas, simples ou extensa de um município no interior do Rio Grande do Sul. A pesquisa foi caracterizada como descritivo-exploratório e de cunho qualitativo. Em relação aos instrumentos, utilizou-se uma ficha de dados sociodemográficos e uma entrevista sobre ser filho(a) adolescente em uma família de mãe solo, a qual foi analisada a partir da Análise de Conteúdo. Os resultados encontrados demonstraram que os(as) adolescentes do estudo tinham uma visão de certa forma adultizada de si, possivelmente por terem experiências preparatórias para as tarefas desenvolvimentais do mundo adulto. De modo geral, mantinham uma relação positiva com suas mães, com boa comunicação. Constatou-se a dificuldade de alguns adolescentes em se afastarem da figura materna, para realizar novos investimentos concernentes à adolescência. Mesmo que algumas intercorrências tenham sido percebidas, a relação filho(a)-mãe solo foi considerada de qualidade e características de saúde familiar estiveram presentes. Tais achados podem contribuir para o desenvolvimento de práticas profissionais e políticas públicas não estigmatizantes e de apoio aos filhos adolescentes e às mães solo no nosso país.
Downloads
Detalhes do artigo

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Os direitos autorais dos artigos publicados na Revista Psicologia: Teoria e Prática pertencem aos autores, que concedem à Universidade Presbiteriana Mackenzie os direitos não exclusivos de publicação do conteúdo.
Referências
Adams, R. E., & Laursen, B. (2007). The correlates of conflict: disagreement is not necessarily detrimental. Journal of Family Psychology, 21(3), 445-458. https://doi.org/10.1037/0893-3200.21.3.445
Arnett, J. J. (2000). Emerging adulthood: A theory of development from the late teens through the twenties. American psychologist, 55(5), 469-480. https://doi.org/10.1037/0003-066X.55.5.469
Baptista, M. N., Baptista, A. S. D., & Dias, R. R. (2001). Estrutura e suporte familiar como fatores de risco na depressão de adolescentes. Psicologia: ciência e profissão, 21(2), 52-61. https://doi.org/10.1590/S1414-98932001000200007
Bardin, L. (2011). Análise de Conteúdo (Ed. revista e ampliada).
Barnes, H. L., & Olson, D. H. (1985). Parent-adolescent communication and the circumplex model. Child development, 56(2), 438-447. https://doi.org/10.2307/1129732
Branje, S., Laursen, B., & Collins, W. A. (2012). Parent-child communication during adolescence. In Vangelisti, A. L. (Ed.). The Routledge handbook of family communication (2nd ed., pp. 283-298). Routledge.
Câmara, M. S., & Almeida, M. C. (2021). De single mother para mãe a solo ou mãe solo na perspectiva da semântica de frames. Études romanes de Brno, 42, (1), 233-254. https://doi.org/10.5817/ERB2021-1-13
Camarano, A. A. (Org.). (2006). Transição para a vida adulta ou vida adulta em transição? Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada.
Canevacci, M. (1987). Dialética da família. Brasilense.
Cerqueira-Santos, E., Neto, O. C de M., & Koller, Silvia H. (2014). Adolescentes e adolescências. In Habigzang, L. F., Diniz, E., & Koller, S. H. (Orgs.). Trabalhando com adolescentes: Teoria e intervenção psicológica. (1a ed., pp. 17-27). Artmed.
Cornock, M. A. (2007). Fraser guidelines or Gillick competence? Journal of Children's and Young People's Nursing, 1(3), 142-142. https://doi.org/10.12968/jcyn.2007.1.3.24114
Delgado, A. O., & Jiménez, Á. (2004). Contexto familiar y desarrollo psicológico durante la adolescencia. In Arranz, E. (Org.). Familia y desarrollo psicológico (1st ed., pp. 96-123). Alhambra.
Dias, M. O. (2011). Um olhar sobre a família na perspectiva sistémica – O processo de comunicação no sistema familiar. Gestão e desenvolvimento, 19, 139-156. https://repositorio.ucp.pt/bitstream/10400.14/9176/1/gestaodesenvolvimento19_139.pdf
Figueira, S. A. (1987). Uma nova família brasileira. O moderno e o arcaico na nova família brasileira de classe média. Zahar.
Finamori, S., & Batista, M. A. M. (2022). Categorias empíricas e analíticas: mães-solo e monoparentalidade feminina. Mediações-Revista de Ciências Sociais, 27, 1-19. https://doi.org/10.5433/2176-6665.2022v27n3e46283
Finamori, S., Rocha, T. T., & Achilei, M. (2021). Ativismo materno e “maternidade solo”. In Seminário Internacional Fazendo Gênero 12 (Anais Eletrônicos), Florianópolis. https://www.fg2021.eventos.dype.com.br/resources/anais/8/fg2020/1612014177_ARQUIVO_9329c3f513695fb16db26310e5567497.pdf
Fonseca, D. C., & Ozella, S. (2010). As concepções de adolescência construídas por profissionais da Estratégia de Saúde da Família (ESF). Interface-Comunicação, Saúde, Educação, 14, 33, 411-424. https://doi.org/10.1590/S1414-32832010000200014
Galvão, L. B. (2020). Mãe solteira não. Mãe solo! Considerações sobre maternidade, conjugalidade e sobrecarga feminina. Revista Direito e Sexualidade, 1, 1-23. https://doi.org/10.9771/revdirsex.v1i1.36872
GIL, A. C. (2010). Como elaborar projetos de pesquisa (5a ed.). Atlas.
Goodrich, T. J.; Rampage, C.; Ellman, B., & Halstead, K. (1990). Terapia feminista da família. Artes Médicas.
Instituto Brasileiro de geografia e Estatística. (2012). Censo Demográfico 2010. Famílias e domicílios. Resultados da amostra. https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/periodicos/97/cd_2010_familias_domicilios_amostra.pdf
Instituto Brasileiro de geografia e Estatística. (2016). Síntese de indicadores sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira. https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv98965.pdf
Luisi, L. V. V., & Cangelli Filho, R. (1997). A família em fase adolescente. In Cerveny, C. M. de O., & Berthoud, C. M. E. (Eds.). Família e ciclo vital: nossa realidade em pesquisa (2a ed., pp. 75-99). Casa do Psicólogo.
McGoldrick, M., & Shibusawa, T. (2016). O ciclo vital familiar. In F. Walsh (Org.). Processos normativos da família: Diversidade e complexidade (pp. 375-398). Artes Médicas.
Mesquita, C., Ribeiro, F., Mendonça, L., & Maia A. (2011). Relações familiares, humor deprimido e comportamentos autodestrutivos em adolescentes. Revista de Psicologia da Criança e do Adolescente, 97-109. https://doi.org/10.34628/by01-wm12
Minayo, M. C. S. (2014). O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. (1a ed.). Hucitec.
Ministério da Saúde. (2021). Orientações para procedimentos em pesquisas com qualquer etapa em ambiente virtual. https://conselho.saude.gov.br/images/Oficio_Circular_2_24fev2021.pdf
Morgado, L. V., de Andrade, L. C., Santos, A., & Narezi, J. (2014). Ciclo vital da família: A comunicação entre pais e filhos na fase adolescente. In III Congresso Internacional de Ciência. Tecnologia e Desenvolvimento. Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento Social, 20, 1-19. http://www.unitau.br/files/arquivos/category_154/MPB1488_1427286040.pdf
Nogueira, C. (2001). Feminismo e discurso do gênero na psicologia social. Psicologia & Sociedade, 13(1), 107-128. https://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/4117/1/feminismo%20e%20discurso%20do%20g%C3%A9nero%20na%20psicologia%20social.pdf
Nolte, D. L., & Harris, R. (2005). Os adolescentes aprendem o que vivenciam. Sextante.
Organização Mundial da Saúde. (1965). Problemas de la salud de la adolescência. Informe de un comité de expertos de la OMS. https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/38485/WHO_TRS_308_spa.pdf?sequence=1&isAllowed=y
Outeiral, J. O. (1994). O que é adolescência e puberdade? In Outeiral, J. O. (Org.). Adolescer: Estudos sobre adolescência (1a ed., pp. 196). Artes Médicas.
Peixoto, F. J. B. (2004). Qualidade das relações familiares, autoestima, autoconceito e rendimento académico. Análise psicológica, 22(1), 235-244. http://hdl.handle.net/10400.12/213
Penso, M. A., & Costa, L. F. (2008). A transmissão geracional em diferentes contextos: da pesquisa à intervenção. Summus Editorial.
Ponciano, E. L. T., & Féres-Carneiro, T. (2014). Relação pais-filhos na transição para a vida adulta, autonomia e relativização da hierarquia. Psicologia: Reflexão e Crítica, 27(2), 388-397. https://doi.org/10.1590/1678-7153.201427220
Preto, N. G. (1995). Transformação do sistema familiar na adolescência. In Carter, B., & McGoldrick, M. (Cols.). As mudanças no ciclo de vida familiar (pp. 223-247). Artmed.
Rampage, C., & Avis, J. M. (1998). Identidade sexual, feminismo e terapia familiar. In Elkaim, M. (Ed.). Panorama das terapias familiares (pp. 189-251). Summus.
Resolução nº 510, de 7 de abril de 2016 (2016). Diretrizes e normas para pesquisas envolvendo seres humanos. https://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2016/Reso510.pdf
Riesch, S. K., Anderson, L. S., & Krueger, H. A. (2006). Parent-child communication processes: Preventing children's health‐risk behavior. Journal for Specialists in Pediatric Nursing, 11(1), 41-56. https://doi.org/10.1111/j.1744-6155.2006.00042.x
Romanelli, G. (1997). Famílias de classes populares: socialização e identidade masculina. Cadernos de Pesquisa, 3(1-2), 25-34.
Segrin, C., & Flora, J. (2018). Family communication. Routledge.
Silva, M. W. Da, Franco, E. C. D., Gadelha, A. K. O. A., Costa, C. C.., & Sousa, C. F. de (2021). Adolescência e Saúde: significados atribuídos por adolescentes. Research, Society and Development, 10(2). http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v10i2.12482
Sprinthall, N. A., & Collins, W. A. (2003). Psicologia do adolescente: uma abordagem desenvolvimentista. Fundação Calouste Gulbenkian.
Steinberg, L. D. (1981). Transformations in family relations at puberty. Developmental psychology, 17(6), 833-840. https://doi.org/10.1037/0012-1649.17.6.833
Teperman, D., Garrafa, T., & Iaconelli, V. (2020). Parentalidade. Autêntica.
Tomé, G., de Matos, M. G., Camacho, I., Simões, C., & Diniz, J. A. (2012). Portuguese adolescents: the importance of parents and peer groups in positive health. The Spanish journal of psychology, 15(3), 1315-1324. http://dx.doi.org/10.5209/rev_SJOP.2012.v15.n3.39417
Wagner, A., Falcke, D., Silveira, L. M. B. O., & Mosmann, C. P. (2002). A comunicação em famílias com filhos adolescentes. Psicologia em estudo, 7(1), 75-80. https://doi.org/10.1590/S1413-73722002000100010
Watarai, F., & Romanelli, G. (2005). Trabalho e identidade de adolescentes do sexo masculino de camadas populares. Proceedings of the Simpósio Internacional do Adolescente, 1. http://www.proceedings.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=MSC0000000082005000200089&lng=en&nrm=abn
Yu, S., Clemens, R., Yang, H., Li, X., Stanton, B., Deveaux, L., Lunn, S., Cottrell, L., & Harris, C. (2006). Youth and parental perceptions of parental monitoring and parent-adolescent communication, youth depression, and youth risk behaviors. Social Behavior and Personality: an international journal, 34(10), 1297-1310. https://doi.org/10.2224/sbp.2006.34.10.1297