O Medo Como Dispositivo Biopolítico
Conteúdo do artigo principal
Resumo
O medo pode ser compreendido como um componente de subjetivação que atravessa a história da humanidade ganhando diferentes contornos e sendo expresso nas relações afetivas, laborais, sexuais e sociais. O presente artigo busca problematizar o medo como um dispositivo biopolítico que pode ser compreendido como um conjunto de práticas, normas, edificações e hábitos que participam da produção dos modos de existência. A investigação foi dividida em três momentos: primeiro, o medo é examinado em uma perspectiva psicanalítica, com foco na psicodinâmica dos mecanismos de defesa; em seguida, são analisadas as maneiras como o medo cumpre funções sociais específicas, sendo difundido em relações que despotencializam e enfraquecem o sujeito e as coletividades; por fim, é explorada a articulação entre medo e biopoder, enfatizando sua disseminação estratégica. Ao final do estudo, constata-se que o medo é compartilhado como uma estratégia de sobrevivência que pode culminar na experimentação de outras possibilidades de existência.
Downloads
Detalhes do artigo
![Creative Commons License](http://i.creativecommons.org/l/by/4.0/88x31.png)
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Os direitos autorais dos artigos publicados na Revista Psicologia: Teoria e Prática pertencem aos autores, que concedem à Universidade Presbiteriana Mackenzie os direitos não exclusivos de publicação do conteúdo.
Referências
Beck, U. (2011). Sociedade de risco: rumo a uma outra modernidade. São Paulo:
Editora 34.
Brossat, A. (2003). La démocratie immunitaire. Paris: La Dispute.
Candiotto, C. (2010, jan.-abr.). A governamentalidade política no pensamento de
Foucault. Filosofia Unisinos, 11(1), 33–43. doi:10.4013/fsu.2010.111.03
Cascais, A. F. (2016). Da biopolítica após Foucault: sustentabilidade dos sistemas e
vidas insustentáveis. In M. Nalli & S. R. V. Mansano (Orgs.), Michel Foucault: desdobramentos (pp. 173–198). Belo Horizonte: Autêntica.
Carvalho, P. R. (2014). Tédio: o cansaço do viver. Londrina: Eduel.
Deleuze, G. & Parnet, C. (1998). Diálogos. São Paulo: Escuta.
Deleuze, G. (2017). Dois regimes de loucos. São Paulo: Editora 34.
Delumeau, J. (1989). História do medo no ocidente: 1300-1800. São Paulo: Companhia das Letras.
Esposito, R. (2008). Termini della politica: comunità, immunità, biopolitica. Milano:
Mimesis Edizione.
Esposito, R. (2009). Immunitas. Protección y negación de la vida. Buenos Aires:
Amorrortu.
Ferraz, M. C. F. (2017, maio-ago.). Afeto e comunicação: sobre as construções do
medo. Galáxia, (35), 32–44. doi:10.1590/1982-2554128395
Foucault, M. (1999). Em defesa da sociedade. São Paulo: Martins Fontes.
Foucault, M. (1988). História da sexualidade, I: a vontade de saber. Rio de Janeiro:
Graal.
Foucault, M. (2008). Nascimento da biopolítica. São Paulo: Martins Fontes.
Freud, A. (1975). Le moi et les mécanismes de défense. Paris: PUF.
Freud. S. (1926). Inibição, Sintoma e Angústia. In: Freud, S. Um Estudo Autobiográfico, Inibição, Sintoma e Angústia, Análise Leiga e outros trabalhos (pp. 107–201), Rio de Janeiro: Imago. Vol XX.
Freud. S. (1920). Além do Princípio de Prazer. In: Freud, S. Além do Princípio de Prazer, Psicologia de Grupo e outros trabalhos (pp. 17–90), Rio de Janeiro: Imago. Vol XVIII.
Freud. S. (1930). O Mal-Estar na Civilização. In Freud, S. O Futuro de uma Ilusão, O Mal-Estar na Civilização e outros trabalhos (pp. 81–177), Rio de Janeiro: Imago. Vol XXI.
Freud. S. (1933). Novas Conferências Introdutórias sobre Psicanálise. In Freud, S.
Novas Conferências Introdutórias sobre Psicanálise e outros trabalhos (pp. 13–191),
Rio de Janeiro: Imago. Vol XXII.
Freud. S. (1940) Esboço de Psicanálise. In Freud, S. Moisés e o Monoteísmo, Esboço
de Psicanálise e outros trabalhos (pp. 165–237), Rio de Janeiro: Imago. Vol XXIII.
Gay, P. (1989). Freud: Uma vida para nosso tempo. São Paulo: Companhia das Letras.
Glassner, B. (2003). A Cultura do medo. São Paulo: Francis.
Guattari, F. & Rolnik, R. (1996). Microfísica: cartografias do desejo. Petrópolis: Vozes.
Ginsburg, C. (2014). Medo, Reverência, Terror: Quatro ensaios de iconografia política. São Paulo: Companhia das Letras.
Han, B.-C. (2013). La sociedad de la transparencia. Barcelona: Herder.
Laplanche, J., & Pontalis, J.-B. (1991). Vocabulário da Psicanálise. São Paulo: Martins Fontes.
Lasch, C. (1984). O mínimo eu: sobrevivência psíquica em tempos difíceis. São Paulo:
Brasiliense.
Lemke, T. (2014). Os riscos da segurança: Liberalismo, biopolítica e medo. In S. Vaccaro & N. Avelino (Eds.), Governamentalidade e segurança (pp. 105–127). São Paulo: Intermeios.
Scheinvar, E. (2014). A indústria da insegurança e a venda da segurança. Psicol.
estud., 19(3), 481–490. doi:10.1590/1413-73725000811
Stengers, I. (2015). No tempo das catástrofes. São Paulo: Cosac Naify.
Žižek, S. (2014). A visão em paralaxe. São Paulo: Boitempo.
Young-Bruehl, E. (1992). Anna Freud: uma biografia. São Paulo: Imago