Problematizando a Produção da Vulnerabilidade e da Pobreza Higienizada na Assistência Social

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Kelly Lopes Santos
Ana Lucia Coelho Heckert
http://orcid.org/0000-0002-0026-3674

Resumo

Com este artigo, temos como objetivo discutir como vêm se efetuando atualmente os processos de resistências e de regulamentação da vida nos Centros de Referência da Assistência Social (Cras). Especificamente, almejamos discutir co­mo as noções de vulnerabilidade e higienização têm sido instrumentalizadas para o controle. Os conceitos de Resistência e Regulamentação da Vida de Foucault são as principais ferramentas conceituais. Nesta pesquisa, foram utilizadas duas principais estratégias de produção de saber: análise das anotações e das memórias da pesqui­sadora e análise do material de novas conversas individuais e grupais com usuárias, profissionais e ex-profissionais dos Cras do município de Cariacica, no Espírito San­to. Observou-se que rotular essa população como vulnerável ou em risco contribui para sua estigmatização e para justificar uma série de intervenções higienistas. No entanto, é possível notar que muitas dessas pessoas/grupos não aceitam e escapam dessas intervenções em um exercício de resistência e afirmação de modos de vida contra-hegemônicos.

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Detalhes do artigo

Seção
Psicologia Social e Saúde das Populações
Biografia do Autor

Ana Lucia Coelho Heckert

Realizou Pós-Doutorado em Psicologia Social no Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social da UERJ (2011/2012). Possui graduação em Psicologia pela Universidade Federal Fluminense (1985), mestrado em Educação pela Universidade Federal Fluminense (1992), doutorado em Educação pela Universidade Federal Fluminense (2004). Atualmente é professora associado IV da Universidade Federal do Espírito Santo. Tem experiência na área de Psicologia Institucional, com ênfase em Políticas Públicas, atuando principalmente nos seguintes temas: Movimentos Instituintes no campo da Educação; processos de gestão, trabalho e formação no âmbito das políticas públicas de educação, de assistência social, e de educação em saúde; participação social e redes de políticas públicas.

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