Editorial
Resumen
Assim como nos números anteriores, um dos maiores objetivos desta publicação é o de apresentar uma parcela da produção do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie, o qual, após vários anos de atividade intensiva, já conta com grande quantidade de projetos de pesquisa concluídos, seja na forma de dissertações de mestrado, seja como resultado das investigações em equipe lideradas pelos docentes de seu corpo permanente. Desenvolvidos no âmbito de nossas duas linhas de pesquisa, voltadas à arquitetura e ao urbanismo dos períodos moderno e contemporâneo, tais projetos abarcam uma ampla galeria de temas. Como fornecer uma amostra que possa ilustrar, ainda que sumariamente, tamanha variedade? Temos aqui uma seleção que, embora não possa fazer jus a toda a riqueza da produção completada nos últimos anos, poderá ser vista como representativa de alguns dos principais eixos de investigação assumidos pelos integrantes do programa, os quais devem seu amadurecimento, entre outros fatores, ao processo de consolidação dos grupos de pesquisa nascidos na FAU / Mackenzie. Conseqüentemente, os trabalhos apresentados a seguir devem ser vistos como resultados parciais de um esforço coletivo em andamento, cujo contínuo aperfeiçoamento depende do debate alimentado a partir de sua divulgação em fóruns e veículos como este. Um dos grupos mais produtivos é o que tem investigado a problemática da sustentabilidade, com atenção especial para suas repercussões no meio urbano e nos projetos de arquitetura e de urbanismo. Destes trabalhos, trazemos aqui dois exemplos derivados de pesquisas de mestrado, que podem ilustrar tanto aspectos teóricos da questão - abordados de froma esclarecedora no artigo de Paula Vendramini - como a aplicação de uma abordagem informada por essa temática a um exemplo mais específico, como vemos no caso de Campos do Jordão e dos municípios vizinhos, estudado por Adriana Silva Barbosa e Gilda Collet Bruna. Outro grupo que tem apresentado resultados expressivos trata dos projetos urbanos recentes desenvolvidos para áreas submetidas a processos de reestruturação produtiva, destacando, nesse contexto, o papel dos agentes econômicos, instituições de pesquisa e instâncias de poder local, todos envolvidos com determinado setor produtivo, gerando sinergias e alavancando a recuperação econômica e urbana dessas regiões - normalmente antigas áreas industriais, ferroviárias ou portuárias, hoje subutilizadas. A questão dos projetos urbanos de "revitalização", muitas vezes criticados por seu caráter pontual, elitista ou mercadológico, ganha assim outra dimensão, passando a se ligar a iniciativas visando um desenvolvimento local mais equilibrado - e, por que não dizer, sustentável. Bom exemplo desses trabalhos é fornecido pelo artigo derivado de um dos quatro casos estudados na dissertação de Juliana Marques, orientada por Carlos Leite, sobre o Porto Digital do Recife. Estreitamente relacionada ao universo dos atuais projetos urbanos, surge o tema da requalificação de áreas centrais ou centros históricos deteriorados. Exigindo uma abordagem multidisciplinar, essa temática abarca diversos eixos de intervenção e investigação, como aqueles ligados à economia urbana, aos transportes, ao desenho urbano e ao patrimônio histórico. Entre eles ganha destaque o problema da habitação, fator considerado indispensável à sustentabilidade de qualquer projeto aventado para uma região central em crise. Por sua proximidade o caso de São Paulo constitui sempre um objeto prioritário para as pesquisas desenvolvidas no programa, e o papel crucial da moradia na requalificação do centro paulistano é discutido no artigo de José Eduardo Borba Pereira e Candido Malta Campos - enfatizando a importância da diversidade dos agentes, das soluções e dos públicos-alvos envolvidos, no sentido de manter a riqueza da paisagem social e cultural da região. Finalmente, encontramos no artigo de Eunice Abascal uma amostra instigante dos debates teóricos que, pela própria conformação de nossas linhas de pesquisa, entre o moderno e o contemporâneo, são centrais para iluminar a construção do atual campo de conhecimento na arquitetura e no urbanismo: o confronto entre as concepções modernistas, de um lado, e o aporte das posturas ditas pós-modernas, de outro. Trata-se de uma discussão subjacente à própria formulação das questões atuais na área, cujas repercussões, longe de se esgotarem, colocam continuamente em xeque as interpretações da sociedade contemporânea, pós-moderna ou hipermoderna - sem as quais não seria possível abordar de forma consistente nosso universo de pesquisa, em torno da intervenção arquitetônica e urbanística. José Geraldo Simões Junior Coordenador de Pós-GraduaçãoDescargas
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