A musicalidade e orixalidade no filme Barravento: a pedagogia do cinema negro

Autores

  • Alexandre Siles Vargas UNEB
  • Aurélio Nogueira de Souza Secretaria de Estado da Educação de Goiás
  • Celso Luiz Prudente UFMT

Palavras-chave:

Musicalidade. Orixalidade. Barravento. Africanidade. Dimensão pedagógica do cinema negro

Resumo

Este artigo tem com o objetivo demonstrar que a realização de Glauber Rocha em Barravento, filme de 1962, contém um elemento pouco discutido no seu trabalho: a musicalidade. A presença da instrumentalidade musical nesse título do Cinema Novo aparece como uma dimensão da orixalidade. A ritualidade afrodiaspórica se dá num processo da corporalidade negra, em que a música e a dança se estabelecem como uma solução indissolúvel nas culturas bantu, sendo aqui um traço da herança da africanidade. Em Barravento, confirmamos a tese de Prudente de que o negro é referencial estético do Cinema Novo de Glauber Rocha e levantamos em que medida essa musicalidade é essencial na ontologia do afrodescendente. Para nossa percepção, a tamboralidade negra traduz os valores fundamentais da africanidade que estão presentes nos folguedos carnavalescos que têm origem no ticumbi bantu. Para além do fator da ritualidade, que não é pouco, o artigo sugere que, na musicalidade dada por uma demanda da orquestra das divindades africanas, o sentido de união aponta para um ideal de resgate da família negra que foi vítima da tentativa de fragmentação imposta pela violência da escravidão. Esse resgate familiar é mimetizado na dinâmica do negro como sujeito histórico na função educativa dessa tendência cinematográfica, caracterizada na categoria conceitual de dimensão pedagógica do Cinema Negro.

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Publicado

2023-05-23

Como Citar

Siles Vargas, A., Nogueira de Souza, A., & Prudente , C. L. (2023). A musicalidade e orixalidade no filme Barravento: a pedagogia do cinema negro. Revista Trama Interdisciplinar, 14(1), 114–132. Recuperado de http://editorarevistas.mackenzie.br/index.php/tint/article/view/15482