CAPOEIRA E EDUCAÇÃO SOCIAL: DESAFIOS EPISTEMOLÓGICOS E POLÍTICOS PARA A SUA PRÁTICA EDUCATIVA
Keywords:
Capoeira, Identidade, Cultura, Educação Social, ComplexidadeAbstract
RESUMO: O presente artigo é fruto de reflexões geradas a partir de uma pesquisa de doutorado realizada no Programa de Pós-graduação em Estudos do Lazer da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional - EEFFTO da UFMG que buscou investigar a contribuição da Capoeira na constituição de territórios de identidade negra na cidade de Belo Horizonte. Ao compreender a categoria identidade como um conceito polissêmico no mundo acadêmico, mas fundamental quando se discute territórios e matrizes culturais constitutivas dos sujeitos. O estudo aponta para a necessidade da utilização de novas abordagens teóricas que desafiem nossos pressupostos epistemológicos fundados no pensamento ocidental moderno. Da mesma forma, considera-se que a perspectiva colonial eurocêntrica do saber é incapaz de oferecer uma visão adequada para a análise das manifestações culturais que, como a Capoeira, se caracterizam por sua multidimensionalidade, como é próprio das tradições de matriz africana. Acredita-se que esse tipo de abordagem, em contextos sociais culturalmente plurais, como no caso do Brasil, leva a uma compreensão deturpada e descontextualizada das práticas sociais e de suas expressões culturais, que ao serem observadas por uma óptica dicotômica deixam de ser compreendidas em seus referenciais identitários complexos e no seu real sentido. Esse processo de produção do conhecimento, geralmente alheio as especificidades dos diferentes contextos, muitas vezes leva a invisibilidade dos sujeitos e de suas práticas culturais que operam em lógicas distintas daquelas forjadas pelo pensamento moderno ocidental. Assim acredita-se que uma perspectiva dialética e complexa que possibilite integrar os vários elementos constitutivos dessa matriz cultural policêntrica, que concebe a vida como articulações entre natureza e cultura, corpo e mente, cultura, festa e política, torne-se mais pertinente para a análise desses fenômenos afrodescendentes. Desta forma, procurando romper com o olhar eurocêntrico colonial e assinalando possíveis articulações com o campo da Educação Social, o presente estudo aguça para a perspectiva de uma abordagem pautada no Pensamento Complexo proposto por Edgar Morin (2010) e na Teoria Histórico-cultural desenvolvida por Fernando Luis González Rey (2013) a partir dos estudos de Lev Vygotsky, bem como a perspectiva decolonial assumida por Walter D. Mignolo (2003, 2010) e Muniz Sodré (1988), pensadores do Hemisfério Sul, como uma alternativa que ofereça sustentação teórica e possibilite uma melhor compreensão dos fenômenos propostos como tema de estudo deste trabalho.
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