CAPOEIRA E EDUCAÇÃO SOCIAL: DESAFIOS EPISTEMOLÓGICOS E POLÍTICOS PARA A SUA PRÁTICA EDUCATIVA

Autores

  • Fernando Carneiro Machado Ennes Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da Universidade Federal de Minas Gerais (EEFFTO/UFMG) Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUCMinas) http://orcid.org/0000-0003-0916-7643
  • Walter Ernesto Ude Marques Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (FAE/UFMG)

Palavras-chave:

Capoeira, Identidade, Cultura, Educação Social, Complexidade

Resumo

 RESUMO: O presente artigo é fruto de reflexões geradas a partir de uma pesquisa de doutorado realizada no Programa de Pós-graduação em Estudos do Lazer da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional - EEFFTO da UFMG que buscou investigar a contribuição da Capoeira na constituição de territórios de identidade negra na cidade de Belo Horizonte. Ao compreender a categoria identidade como um conceito polissêmico no mundo acadêmico, mas fundamental quando se discute territórios e matrizes culturais constitutivas dos sujeitos. O estudo aponta para a necessidade da utilização de novas abordagens teóricas que desafiem nossos pressupostos epistemológicos fundados no pensamento ocidental moderno. Da mesma forma, considera-se que a perspectiva colonial eurocêntrica do saber é incapaz de oferecer uma visão adequada para a análise das manifestações culturais que, como a Capoeira, se caracterizam por sua multidimensionalidade, como é próprio das tradições de matriz africana. Acredita-se que esse tipo de abordagem, em contextos sociais culturalmente plurais, como no caso do Brasil, leva a uma compreensão deturpada e descontextualizada das práticas sociais e de suas expressões culturais, que ao serem observadas por uma óptica dicotômica deixam de ser compreendidas em seus referenciais identitários complexos e no seu real sentido. Esse processo de produção do conhecimento, geralmente alheio as especificidades dos diferentes contextos, muitas vezes leva a invisibilidade dos sujeitos e de suas práticas culturais que operam em lógicas distintas daquelas forjadas pelo pensamento moderno ocidental. Assim acredita-se que uma perspectiva dialética e complexa que possibilite integrar os vários elementos constitutivos dessa matriz cultural policêntrica, que concebe a vida como articulações entre natureza e cultura, corpo e mente, cultura, festa e política, torne-se mais pertinente para a análise desses fenômenos afrodescendentes. Desta forma, procurando romper com o olhar eurocêntrico colonial e assinalando possíveis articulações com o campo da Educação Social, o presente estudo aguça para a perspectiva de uma abordagem pautada no Pensamento Complexo proposto por Edgar Morin (2010) e na Teoria Histórico-cultural desenvolvida por Fernando Luis González Rey (2013) a partir dos estudos de Lev Vygotsky, bem como a perspectiva decolonial assumida por Walter D. Mignolo (2003, 2010) e Muniz Sodré (1988), pensadores do Hemisfério Sul, como uma alternativa que ofereça sustentação teórica e possibilite uma melhor compreensão dos fenômenos propostos como tema de estudo deste trabalho.

 

 

 

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Biografia do Autor

Fernando Carneiro Machado Ennes, Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da Universidade Federal de Minas Gerais (EEFFTO/UFMG) Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUCMinas)

Mestre em Treinamento Esportivo / Comportamento Motor pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Doutorando em Estudos do Lazer no Programa de Pós-graduação em Estudos do Lazer da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da Universidade Federal de Minas Gerais (EEFFTO/UFMG).

Professor do Curso de Educação Física da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUCMinas).

Mestre de Capoeira do Grupo Capoeira Gerais.

Walter Ernesto Ude Marques, Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (FAE/UFMG)

Doutor em Psicologia pela Universidade de Brasília (UnB).

Professor do Programa de Pós-graduação em Estudos do Lazer da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da Universidade Federal de Minas Gerais (EEFFTO/UFMG).

Professor do Departamento de Ciências Aplicadas à Educação e pesquisador do Núcleo de Estudos sobre Trabalho e Educação da Faculdade de Educação da UFMG (FAE/UFMG).

 

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Publicado

2017-03-22

Como Citar

Ennes, F. C. M., & Marques, W. E. U. (2017). CAPOEIRA E EDUCAÇÃO SOCIAL: DESAFIOS EPISTEMOLÓGICOS E POLÍTICOS PARA A SUA PRÁTICA EDUCATIVA. Revista Trama Interdisciplinar, 7(3). Recuperado de http://editorarevistas.mackenzie.br/index.php/tint/article/view/9360