O Técnico de Enfermagem diante da Morte: Concepções de Morte para Técnicos de Enfermagem em Oncologia e suas Implicações na Rotina de Trabalho e na Vida Cotidiana

Conteúdo do artigo principal

Priscila Valverde Fernandes
Alexandra Iglesias
Luziane Zacché Avellar

Resumo

O objetivo deste trabalho foi conhecer as concepções de morte para técnicos de enfermagem que lidam com pacientes terminais em um hospital público da Grande Vitória. Pretendeu-se apreender como esses profissionais lidavam com a morte e como isso interferia em suas vidas cotidianas e em suas rotinas de trabalho. Para atingir os objetivos propostos, realizaram-se observações participantes registradas em um diário de campo e entrevistas semiestruturadas que foram gravadas e transcritas na íntegra. Os dados foram submetidos à análise qualitativa que foi entendida como um processo de produção de sentido. Nessa análise, destacaram-se quatro grandes temas: a concepção de morte, o lidar/enfrentar a morte, os sentimentos ante o óbito e a interferência na vida cotidiana e no trabalho. Os dados indicaram que a concepção de morte mais encontrada no grupo pesquisado foi a de que a morte é um acontecimento normal que faz parte da rotina de trabalho, mas é um tema que deve ser evitado. Considera-se que isso acontece pelo fato de que pensar a morte e considerá-la em profundidade é algo doloroso para o homem, podendo trazer à tona lembranças de outras perdas. Para evitar o contato com a morte, o profissional se apropriava de uma rotina de trabalho acelerada.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Detalhes do artigo

Seção
Artigos

Referências

ANGERAMI, V. A. (CAMON) (Org.). Psicologia hospitalar: teoria e prática. São Paulo: Pioneira Psicologia, 1994.

ARAÚJO, T. M. et al. Aspectos psicossociais do trabalho e distúrbios psíquicos entre trabalhadoras de enfermagem. Revista de Saúde Pública, v. 4, n. 37, p. 424-433, 2003.

BENDASSOLLI, P. F. Percepção do corpo, medo da morte, religião e doação de órgãos. Psicologia: Reflexão e Crítica, n. 14, p. 225-240, 2001.

BERNIERI, J.; HIRDES, A. O preparo dos acadêmicos de enfermagem brasileiros para vivenciarem o processo morte-morrer. Texto Contexto – Enfermagem, Florianópolis, v.16, n. 1, p. 89-96, 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/tce/v16n1/a11v16n1.pdf>. Acesso em: 23 out. 2007.

ELIAS, N. La soledad de los moribundos. México: FCE, 1987.

ESSLINGER, I. De quem é a vida afinal? São Paulo: Casa do Psicólogo, 2004.

GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5. ed. São Paulo: Atlas 1999.

GOMES, A. M. T., OLIVEIRA, D. C.; MARQUES, S. C. A representação social do trabalho do enfermeiro na programação em saúde. Psicologia: Teoria e Prática, v. 6, p. 79-90, 2004. Disponível em: <http://pepsic.bvs-psi.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid= S1516-36872004000300006&lng=pt&nrm=iso>.

HOFFMANN, L. A morte na infância e sua representação para o médico: reflexões sobre a prática pediátrica em diferentes contextos. Cadernos de Saúde Pública, n. 3, v. 9, p. 364-374, 1993. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ csp/v9n3/23.pdf>. Acesso em: 10 nov. 2007.

KOVÁCS, M. J. Morte e desenvolvimento humano. 2. ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1992.

KOVÁCS, M. J. Educação para a morte: desafio na formação de profissionais de saúde e educação. São Paulo: Casa do Psicólogo; Fapesp, 2003.

KÜBLER-ROSS, E. Sobre a morte e o morrer: o que os doentes terminais têm para ensinar a médicos, enfermeiras, religiosos e aos seus próprios parentes. 8. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

MACHADO, M. H. Os médicos no Brasil: um retrato da realidade. Rio de Janeiro: Fiocruz, 1997.

MARTINS, L. A. N. A saúde do profissional de saúde. In: MARCO, M. A. (Org.). A face humana da medicina: do modelo médico ao modelo biopsicossocial. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003. p. 93-99.

MINAYO, M. C. S. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 21. ed. Petrópolis: Vozes, 1994.

MOREIRA, A. C.; LISBOA, M. T. L. A morte entre o público e o privado: reflexões para a prática profissional de enfermagem. Rev. Enfermagem Uerj, n. 3 v. 14, p. 447-454, 2006. Disponível em: <http://www.portalbvsenf.eerp.usp.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010435522006000300019&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 23 out. 2007.

MOURA, H. B. O.; BORGES, L. O.; ARGOLO, J. C. T. Saúde mental dos que lidam com a saúde: os indicadores de Goldberg. In: BORGES, L. O. (Org.). Os profissionais de saúde e seu trabalho. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2005. p. 247-258.

MUROFUSE, N. T., ABRANCHES, S. S.; NAPOLEÃO, A. A. Reflexões sobre estresse e bournout e a relação com a enfermagem. Revista Latino-Americana de Enfermagem, n. 2, v. 13, p. 255-261, 2005.

PALÚ, L. A.; LABRONICI, L. M.; ALBINI, L. A morte no cotidiano dos profissionais de enfermagem de uma unidade de terapia intensiva. Cogitare em Enfermagem, Curitiba, v. 9, n. 1, p. 33-41, 2004.

PITTA, A. Hospital: dor e morte como ofício. São Paulo: Hucitec, 1990.

RIBEIRO, M. C.; BARALDI, S. M.; SILVA, J. P. da. A percepção da equipe de enfermagem em situação de morte: ritual do preparo do corpo “pós-morte”. Rev. Esc. Enf.USP, n. 32, p. 117-123, 1998.

SILVA, V. F.; ARGOLO, J. C. T.; BORGES, L. O. Exaustão emocional nos profissionais de saúde da rede hospitalar pública de Natal. In: BORGES, L. O. (Org.). Os profissionais de saúde e seu trabalho. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2005. p. 259-280.

SOARES, J. C.; DANTAS, M. A. Considerações sobre a morte e o morrer na hipermodernidade. Rev. Estudos e Pesquisas em Psicologia, v. 6, n. 2, p. 89-104, 2006. Disponível em: <http://pepsic.bvspsi.org.br/pdf/epp/v6n2/v6n2a08.pdf>. Acesso em: 22 out. 2007.

SPINK, M. J. (Org.). Práticas discursivas e produção de sentido no cotidiano: aproximação teórica e metodológica. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2000.

STACCIARINI, J. M. R.; TROCCOLI, B. T. O estresse na atividade ocupacional do enfermeiro. Revista Latino-Americana de Enfermagem, v. 9, n. 2, p. 17-25, 2001. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-11692001000200003& lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 28 jul. 2005.

TAMOYO, M. R.; ARGOLO, J. C. T.; BORGES, L. O. Burnout em profissionais de saúde: um estudo com trabalhadores do município de Natal. In: BORGES, L. O. (Org.). Os profissionais de saúde e seu trabalho. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2005. p. 223-246.

VIANNA, A.; PICCELLI, H. O estudante, o médico e o professor de medicina perante a morte e o paciente terminal. Revista da Associação Médica Brasileira, v. 44, n. 1, p. 21-27, 1998. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ramb/v44n1/2004.pdf>. Acesso em: 24 jan. 2005.