Perversão e Contemporaneidade: Um Discurso Equivocado?

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Gustavo Adolfo Ramos Mello Neto
Lara Stresser Schmitt

Resumo

Este trabalho teve como objetivo examinar a produção psicanalítica sobre a perversão nas últimas décadas, tendo como recorte as relações que os autores fazem entre perversão e contemporaneidade. Para a execução da pesquisa, tivemos como fonte artigos psicanalíticos indexados pela American Psychology Association (PsycInfo/APA), artigos de revistas psicanalíticas e capítulos de livros cujo tema é a perversão, mas no ponto ela faz uma interseção com a contemporaneidade. Para análise do material encontrado, categorias temáticas foram criadas: “perversão e patologias atuais”, “laços sociais perversos” e “perversionalização ou obsessionalização?”. Com esta pesquisa, percebemos que a perversão é um tema frequente no discurso atual em psicanálise; no entanto, muitas vezes este vocábulo e o seu derivado, “perverso”, são empregados indiscriminadamente para denunciar tudo o que é imoral e mal na sociedade. Diante disso, corre-se o risco da banalização da perversão, fugindo esta do seu sentido psicanalítico.

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