Querer Ficar, Querer Sair: A Ambivalência da Internação Psiquiátrica
Conteúdo do artigo principal
Resumo
A dicotomia entre querer sair e querer ficar no manicômio parecem fazer parte da vida de muitas usuárias e usuários de serviços de saúde mental. Neste texto será discutida esta problemática, destacando os principais impasses relatados por algumas usuárias quando estavam internadas em um hospital psiquiátrico da cidade de São Paulo, entre os anos de 2005 a 2007. A análise do conteúdo foi sustentada a partir da perspectiva do construcionismo social. Este estudo, conclui que a falta de uma rede de apoio extramuros integrada, além de internações psiquiátricas recorrentes, dificultam a reinserção social e abrem espaço para o “querer ficar internado”. No entanto, este suposto desejo não está isento de sofrimento. As falas, marcadas por rostos entristecidos, lapsos de linguagem ou lágrimas, clamam pela reconstrução de sua cidadania e autonomia, possível apenas pelas condições propícias para o “poder” sair.
Downloads
Detalhes do artigo
Os direitos autorais dos artigos publicados na Revista Psicologia: Teoria e Prática pertencem aos autores, que concedem à Universidade Presbiteriana Mackenzie os direitos não exclusivos de publicação do conteúdo.
Referências
AMARANTE, P. O homem e a serpente: outras histórias para a loucura e a psiquiatria. Rio de Janeiro: Fiocruz, 1996.
AMARANTE, P. (Org.). Archivos de saúde mental e atenção psicossocial 2. Rio de Janeiro: Nau, 2005.
BAKHTIN, M. Marxismo e filosofia da linguagem. Tradução Roman Jakobson. 12. ed. São Paulo: Hucitec, 2006.
BASAGLIA, F. A instituição negada: relato de um hospital psiquiátrico. Tradução Heloisa Jahn. 3. ed. São Paulo: Graal, 1995.
DUARTE, R. Pesquisa qualitativa: reflexões sobre o trabalho de campo. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, n. 115, mar. 2002. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010015742002000100005&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 9 nov. 2010.
FOUCAULT, M. A história da loucura. Tradução José Teixeira Coelho.7. ed. Rio de Janeiro: Perspectiva, 2004.
GOFFMAN, E. Manicômios, prisões e conventos. Tradução Dante Moreira Leite. São Paulo: Perspectiva, 1974.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Assistência à Saúde. Cria e regulamenta o funcionamento dos Serviços Residenciais Terapêuticos em Saúde Mental. Portaria nº 106, de 11 de fevereiro, 2000. Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/sas/mental/visualizar_texto.cfm?idtxt=23119>. Acesso em: 18 set. 2006.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Assistência à Saúde. Cria e regulamenta o funcionamento dos Serviços Residenciais Terapêuticos em Saúde Mental. Portaria nº 2.068, de 24 de setembro de 2004a. Disponível em: <http://dtr2001.saude.gov.br/sas/PORTARIAS/Port2004/GM/GM2068.htm>. Acesso em: 18 set. 2006.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Legislação em saúde mental 1990‑2004. 5. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2004b.
PITTA, A. Reorientação do modelo de atenção: equidade e justiça social na organização de serviços de Saúde Mental. In. CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE MENTAL: CUIDAR SIM, EXCLUIR NÃO, 3., 2001, Brasília. Disponível em: <http://conselho.saude.gov.br/biblioteca/Relatorios/saude_mental.pdf>. Acesso em: 18 set. 2005.
RODRIGUES, M. B. Quais são as nossas diferenças? Reflexões sobre a convivência com o diverso em escolas italianas. Psicologia e Sociedade, Porto Alegre, v. 17, n. 3, dez. 2005.Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010271822005000300008&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 7 jun. 2010.
RONCHI, J. P.; AVELLAR, L. Z. Saúde mental da criança e do adolescente: a experiência do Capsi da cidade de Vitória-ES. Psicologia: Teoria e Prática, São Paulo, v. 12, n. 1, p. 7184, jan./abr. 2010.
ROTELLI, F.; LEONARDIS, O.; MAURI, D. Desinstitucionalização uma outra via: a reforma psiquiátrica italiana no contexto da Europa Ocidental e dos países avançados. In: NICACIO, F. (Org.). Desinstitucionalização. 2. ed. São Paulo: Hucitec, 2001. p. 1759.
SATO, L.; SOUZA, M. P. R. de. Contribuindo para desvelar a complexidade do cotidiano através da pesquisa etnográfica em psicologia. Psicologia USP, São Paulo, v. 12, n. 2, 2001. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010365642001000200003&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 3 mar. 2007.
SPINK, M. J. Linguagem e produção de sentidos no cotidiano. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2004.
SPINK, M. J. P.; LIMA, H. Rigor e visibilidade: a explicitação dos passos da interpretação. In: SPINK, M. J. (Org.). Práticas discursivas e produção de sentidos no cotidiano: aproximações teóricas e metodológicas. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2004. p. 93122.
SPINK, M. J. P.; MEDRADO, B. Produção de sentidos no cotidiano: uma abordagem teórico-metodológica para a análise das práticas discursivas. In: SPINK, M. J. (Org.). Práticas discursivas e produção de sentidos no cotidiano: aproximações teóricas e metodológicas. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2004. p. 4161.
SPINK, P. K Pesquisa de campo em psicologia social: uma perspectiva pós-construcionista. Psicologia e Sociedade, Porto Alegre, v. 15, n. 2, dez. 2003. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010271822003000200003&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 28 set. 2009.