Avaliação Terapêutica, Violência por Parceiros Íntimos e Trauma: estudo de caso com uma mulher e sua mudança terapêutica

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Liliane Cardoso Ribeiro
https://orcid.org/0000-0003-4981-2168
Gabriel Vitor Acioly Gomes
https://orcid.org/0000-0001-6565-3094
Lucila Moraes Cardoso
https://orcid.org/0000-0002-8890-9352

Resumo

A Avaliação Terapêutica (AT) promove benefícios terapêuticos para o cliente em diferentes situações, como diante do trauma psicológico em mulheres que vivenciaram violência por parceiros íntimos (VPI), o que as deixa em estado de vulnerabilidade emocional e afeta diferentes contextos de suas vidas. Objetivou-se discutir mudanças relacionadas ao trauma no processo de AT com uma mulher que vivenciou VPI. Realizou-se um estudo de caso e analisou-se estatisticamente o índice de mudança confiável de fatores relacionados ao trauma antes e após o processo de AT por meio do Self-Reporting Questionnaire, Magical Ideation Scale, Posttraumatic Cognitions Inventory e Escalas Beck. A participante tinha 40 anos, vivenciou VPI e apresentava estresse pós-traumático (EPT). Após a avaliação, apresentou melhora em EPT e desesperança. Não houve mudança quanto à autoestima, sofrimento psíquico e pensamento mágico. Houve mudança negativa no que tange à ansiedade e depressão ao longo do processo. Vivenciar VPI pode provocar um estado de trauma, gerando na pessoa a situação de estresse, medo e angústia, os quais podem se relacionar à ansiedade e depressão. A AT possibilitou à cliente diminuir a desorganização mental e emocional que sentia, diminuindo o EPT. Além disso, ajudou a cliente a gerar estratégias de enfrentamento à violência, o que a permitiu diminuir a desesperança que vivenciava diante do futuro. Assim, a AT apresentou capacidade de iniciar o trabalho com o trauma em um contexto de violência, gerando melhorias terapêuticas para a cliente e possibilitando a abertura para a continuidade da mudança em um processo psicoterapêutico.

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Seção
Psicologia Clínica

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