Usos e apropriações femininas em espaços públicos
estudo de caso em duas praças de Vila Velha-ES
DOI:
https://doi.org/10.5935/cadernospos.v24n2p221-248Palavras-chave:
Gênero; Mulheres; Espaço público; Praças; Apropriações urbanas.Resumo
As cidades historicamente privilegiaram a experiência masculina, resultando em espaços públicos onde se perpetua a desigualdade de gênero, com as mulheres enfrentando barreiras sociais e espaciais que dificultam os usos e as apropriações urbanas. A relação das mulheres com os espaços públicos é influenciada por diversos fatores, entretanto, o desenho e a morfologia urbana podem facilitar essa interação. O presente artigo, portanto, busca compreender a inter-relação entre as mulheres e os espaços públicos, tendo como estudo de caso duas praças situadas em contextos socioeconômicos distintos do município de Vila Velha-ES. Trata-se de uma pesquisa aplicada, estruturada em três etapas: contextualização do tema; análises físico-morfológicas e análises comportamentais. Além da coleta de dados em campo, foram aplicadas as técnicas de mapeamento comportamental, contagem de pessoas e entrevistas. Os resultados revelam que os usos e as apropriações femininas em praças frequentemente estão relacionados a atividades de cuidado com crianças, idosos ou animais de estimação. O tempo destinado ao lazer ocorre simultaneamente às responsabilidades ainda atribuídas às mulheres. Destaca-se que características físicas e sociais específicas de cada contexto também influenciam na relação das mulheres com as praças. Tais observações indicam a necessidade de um planejamento urbano mais sensível ao gênero feminino e direcionado aos espaços públicos de permanência.
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