Engajamento social como princípio para criação de Comitê de Sub-Bacias Hidrográficas e Integração Institucional de Planejamento da Água

as práticas comunitárias sensíveis à água da Serrinha do Paranoá (DF)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5935/cadernospos.v.23n.2p262-277

Palavras-chave:

Engajamento, Planejamento, Comunidade, Sensível, Água

Resumo

Este trabalho propõe apresentar caminhos para estreitar as relações entre a comunidade socialmente engajada e as instituições de planejamento da água. Nesse sentido, entende-se que a participação social não está plenamente inserida no planejamento territorial e hídrico e estes, por sua vez, mantêm essa estrutura departamentalizada, facilitando a implantação de modelos de planejamento urbano e rural descompromissados com as realidades sociais e ambientais. A partir do modelo de planejamento sensível à água e do princípio de comunidades sensíveis à água, depreendemos a necessidade da formação de um capital sociopolítico dentro de uma estrutura de planejamento participativa e institucionalmente integrada com atores conectados ao território com poder de decisão. Fundamentados no conceito de  práxis territorial no qual o engajamento social é compreendido enquanto expressão transformadora da territorialidade, reconhecemos as comunidades dos núcleos rurais da Serrinha do Paranoá como um corpo sociopolítico engajado em defesa das águas por meio da descrição analítica do seu histórico de engajamento social em quatro fases. Neste estudo, verificou-se que essa comunidade demonstrou comprometimento por assumir as funções de um comitê de sub-bacia hidrográfica pela sua atuação pautada nas reivindicações socioambientais e políticas.

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Biografia do Autor

Liza Maria Souza de Andrade, UnB

Possui graduação em Arquitetura pela Universidade Federal de Minas Gerais (1989), mestrado (2005) e doutorado (2014) em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de Brasília. É professora da FAU/UnB, foi coordenadora de Extensão entre 2018 a 2020 e membro da Câmara de Extensão da UnB no período de 2016 a 2020. É também professora e pesquisadora do Programa de Pós-graduação da FAU/UnB e integra o corpo docente do Curso de Especialização Reabilitação Ambiental Sustentável da FAU/UnB. No âmbito da pesquisa acadêmica, é líder do Grupo de Pesquisa e Extensão "Periférico, trabalhos emergentes" (PEAC Periférico) que tem como meta trabalhar a Tecnociência Solidária nos processos de assessoria sociotécnica. Faz parte do Núcleo de Política de Ciência, Tecnologia e Sociedade - NPCTS/CEAM/UnB na construção da Residência Multiprofissional CTS - Habitat, Agroecologia, Trabalho e Saúde. É também, vice-líder do Grupo de Pesquisa "Água e Ambiente Construído" com o Projeto de Pesquisa "Brasília Sensível à Água". Desenvolve pesquisas sobre ?A produção do habitat no território do DF e entorno, os ecossistemas urbanos e rurais e a assessoria sociotécnica: tipologias e padrões espaciais, informalidade, redes solidárias, tecnologia social, agroecologia e lugares saudáveis e sensíveis à água?. Está vinculada ao LabHabitar da UFBA com a Nucleação da Residência em Arquitetura e Urbanismo + Engenharia da UFBA em parceria com a UnB para contribuir com a Implantação de Rede de Assistência Técnica: Projetos em Habitação e Direito à Cidade. Integra a Rede Sociotécnica do Projeto Brasil Cidades como membro da Coordenação Operacional do Núcleo DF Metropolitano e também a Rede Moradia-Assessoria no Brasil (USP). Com o PEAC Periférico, orienta Trabalhos Finais de Graduação Extensionistas na forma de assessoria sociotécnica com alguns trabalhos premiados nos seguintes temas: projetos de espaços socioprodutivos no campo, projetos de habitação social no campo e na cidade, planejamento espacial para comunidades tradicionais, plano de bairros e projetos urbanos para regularização fundiária de ocupações urbanas, projetos de equipamentos comunitários, espaços públicos e parques urbanos. Foi orientadora/coordenadora do Escritório Modelo em Arquitetura e Urbanismo da FAU/UnB - EMAU/CASAS (Projetos de Extensão de Ação Contínua da UnB ASAS e PATUA) no período de 2013 a 2021 onde orientou projetos de centros comunitários, habitação social no campo e urbanismo agrário para o assentamento de reforma agrária Ecoagrovila Renascer, vinculado ao PROEXT 2015 MEC/SEsu.

Natália da Silva Lemos, UnB

Doutoranda do Programa de Pós-Graduação na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília (PPG/FAU/UnB), pesquisa sobre o continuum urbano-rural, design rural e urbano, território e paisagem, pela Linha de Pesquisa Planejamento e Projeto Urbano e Regional. Mestre em Arquitetura, Tecnologia e Cidade pela Unicamp (2016). Especialização em Reabilitação Ambiental Sustentável Arquitetônica e Urbanística pela Universidade de Brasília (2012). Possui graduação em Arquitetura e Urbanismo pelo Centro Universitário Euroamericano (2010). Pesquisador-colaborador no desenvolvimento de trabalhos e pesquisas em dois Grupos de Pesquisas: Água e Ambiente Construído; e o Periférico, trabalhos emergentes, ambos vinculados com a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UnB. Pesquisador no EDITAL 03/2018 FAP- DF- DEMANDA ESPONTÂNEA - Brasília Sensível à Água/Serrinha do Paranoá.

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Publicado

2023-12-20 — Atualizado em 2023-12-20

Versões

Como Citar

SAKAI, D. I. S. .; MARIA SOUZA DE ANDRADE, L.; DA SILVA LEMOS, N. Engajamento social como princípio para criação de Comitê de Sub-Bacias Hidrográficas e Integração Institucional de Planejamento da Água: as práticas comunitárias sensíveis à água da Serrinha do Paranoá (DF). Cadernos de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo, [S. l.], v. 23, n. 2, p. 262–277, 2023. DOI: 10.5935/cadernospos.v.23n.2p262-277. Disponível em: http://editorarevistas.mackenzie.br/index.php/cpgau/article/view/cadernos.pos.au.2023.2.Engajamentosocial. Acesso em: 27 abr. 2024.

Edição

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Artigos