Os fios do “desvio horizontal” em Em busca do tempo perdido, de Marcel Proust
Palavras-chave:
Em busca do tempo perdido, Marcel Proust, Desvio horizontal, Recordação de infância, Literatura e psicanálise.Resumo
Este artigo pretende investigar o deslocamento escritural de cenas de Em busca do tempo perdido, de Marcel Proust, a partir de três vertentes. Inicialmente, será proposto um paralelismo entre duas cenas de recordação de infância do Narrador proustiano, no intuito de averiguar a tensão entre a figura do pai como detentor da lei e a figura do tio como transgressor dessa lei, tendo como eixos desse conflito o interdito do beijo materno e a posterior transgressão da criança na obtenção do beijo no corpo feminino. Em um segundo momento, analisa-se os efeitos da reprimenda paterna por essa transgressão, e consequentemente o sentimento de culpa e de remorso da criança que resulta dessa ação, na elaboração do que é aqui denominado de “desvio horizontal”. Hipótese que consiste no deslocamento da rememoração da transgressão infantil heterossexual do Narrador para a observação/elaboração da transgressão adulta homossexual de certos personagens masculinos da Busca que lhe são contemporâneos. Por fim, as ações do “desvio horizontal” são ainda analisadas na sua inserção nas tentativas da elaboração da cena ausente, a cena nunca efetivada da traição homossexual da companheira Albertine que é incessantemente engendrada pelo imaginário ciumento do Narrador proustiano.
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