Gonçalo da Silveira, S.J. (1521-1561): o primeiro missionário e protomártir da África Austral.
Palavras-chave:
África, Moçambique, Monomotapa, Missionação, Martírio, JesuítasResumo
Gonçalo da Silveira, S.J. (Almeirim, 23/02/1521– Mwenemutapa / Monomotapa, 15/03/1561), um excelente orador, muito influenciado pelos Exercícios Espirituais de Inácio de Loyola (1491–1556), chega a Moçambique em março de 1560, para evangelizar nas missões de Gamba, Tongue, Inhambane e Monomotapa — aportuguesamento de Mwenemutapa —, o poderoso reino africano entre a margem sul do rio Zambeze e o rio Limpopo, com a capital presumivelmente em Khami, atualmente na região de Matabelelândia no Zimbabwe. Chega ao reino do Monomotapa Chisamharu Negomo Mupunzagutu (c. 1543–c.1589, imperador de c.1560 a 1589), em 26/12/1560, e Gonçalo da Silveira tornou-se uma pessoa da sua inteira confiança, ao ponto de ele permitir a entrada nos seus aposentos particulares. Cerca de um mês depois da chegada de Silveira, o Monomotapa foi batizado com o nome de Dom Sebastião e sua mãe, com o nome de Dona Maria.
Todos os estudos apontam que os principais antagonistas de Gonçalo da Silveira eram os comerciantes muçulmanos, pois sentiam que os seus interesses comerciais e religiosos estavam a ser ameaçados. Numa reinterpretação contemporânea dos factos históricos, Gonçalo da Silveira terá sido acusado de estar possuído pelo espírito de Dzivaguru-Karuva e Chicara, e de ser um traidor enviado por um fumo chamado Capote, do grupo dos Mongazes. O certo é que, em 15/03/1561, o jovem rei Chisamharu Negomo Mupunzagutu manda assassinar Gonçalo da Silveira, por enforcamento e seu corpo foi lançado no rio Musengedzi, nunca tendo o seu corpo sido encontrado.
Gonçalo da Silveira é reconhecido como o primeiro missionário do sudeste africano e o protomártir da África Austral. Desde 1631, tem havido várias tentativas para o desenvolvimento do processo apostólico de beatificação de Gonçalo da Silveira, em reconhecimento das suas virtudes heroicas, mas até ao momento tal ainda não foi decretado pela Congregação para a Causa dos Santos da Igreja Católica.
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