Como os brasileiros acham que falam? Percepções sociolinguísticas de universitários do Sul e do Nordeste

Autores

Resumo

Analisamos os componentes cognitivo e ideológico das atitudes linguís-ticas ante o português falado no Brasil, considerando a dimensão da área diale-tal (Nordeste/Sul) e da formação (estudantes universitários em geral/estudan-tes de Letras). Constatamos que a sociolinguística da produção e da percepção apresentam diferenças: nem sempre os fenômenos variáveis mais frequentes são os mais percebidos pelos falantes, revelando a necessidade de estudos que correlacionem a saliência de fenômenos do ponto de vista da produção com a saliência do ponto de vista da percepção.

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Biografia do Autor

Cristine Gorski Severo, Universidade Federal de Santa Catarina

enho pesquisado os temas dimensões política e ética das políticas linguísticas em contextos coloniais e pós-coloniais de uso da língua portuguesa; linguística colonial; políticas linguísticas críticas e sócio-história das línguas. Atualmente sou bolsista do CNPq, professora associada da Universidade Federal de Santa Catarina e vice-coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Linguística. Integro o GT da ANPOLL de Sociolinguístic, a Africa Research Network da Associação Internacional de Linguística Aplicada, e a International association for the integrational study of language and communication.

Sou responsável pelo grupo de pesquisa “Políitcas Linguísticas Críticas” que agrega pesquisadores de Angola, África do Sul, Estados Unidos, Moçambique, Timor Leste e Brasil (http://politicaslinguisticas.paginas.ufsc.br/). Também integro o grupo de pesquisa interdisciplinar em Identidade e Relações Inter-Étnicas (NUER, http://kadila.net.br/), na Universidade Federal de Santa Catarina, com quem tenho desenvolvido projetos conjuntos sobre cultura afro-brasileira, língua, poder e religião. 

Perfil

Tenho graduação em Letras-Inglês/Literatura (UFSC) e em Psicologia (UFSC), mestrado em Teoria e Análise Lingüística (UFSC, 2003), doutorado em Teoria e Análise Linguística (UFSC, 2007) e em Ciências Humanas (UFSC, 2018) e pós-doutorado em Políticas Linguísticas (Universidade da Pennsylvania).

Claudia Andréa Rost-Snichelotto, Universidade Federal da Fronteira Sul

Professora titular-livre da Universidade Federal da Fronteira Sul (campus Chapecó/SC). Doutora (2009) e Mestre (2002) em Linguística, área de concentração Sociolinguística, pela Universidade Federal de Santa Catarina. Graduada em Letras Português e respectivas Literaturas (1993), pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Foi membro da equipe auxiliar do Projeto VARSUL/Agência PUCRS em 1993. Foi professora da educação básica de 1994 a 2007. É professora do ensino superior desde 2002. Tem experiência na área de Linguística, com ênfase na interface da Sociolinguística Variacionista com o Funcionalismo Linguístico, atuando principalmente nos seguintes temas: variação, mudança, gramaticalização, ensino e marcador discursivo. É líder do Grupo de Pesquisa Estudos Sociolinguísticos e Interfaces da UFFS e pesquisadora colaboradora do Grupo de Pesquisa Para a História do Português Brasileiro de Santa Catarina e do Núcleo Interinstitucional de Pesquisa Varsul-SC da UFSC. Foi coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos, da Universidade Federal da Fronteira Sul, de 2012 a 2015, e Vice-Presidente do Círculo de Estudos Linguísticos do Sul (CelSul), gestão 2013-2014. Pesquisadora FAPESC (Chamada Pública Fapesc n 4/2012 ? Universal e Chamada Pública FAPESC N 03/2018 ? Fomento à Pós-Graduação Stricto Sensu da UFFS). Atuou na coordenação do SubProjeto Lingua Espanhola e Língua Portuguesa do Programa Residência Pedagógica da UFFS, em Chapecó, de 2018/2 a 2019/2.

Maria Alice Tavares, Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Professora do Departamento de Letras e do Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem (PPgEL) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Graduada em Letras, mestre e doutora em Linguística (área de concentração: Sociolinguística) pela Universidade Federal de Santa Catarina (2003), com um período de estágio na Carnegie Mellon University (EUA), em 2001. Pesquisas com ênfase em variação discursivo-pragmática, sociolinguística comparativa, socioestilística, gêneros e sequências textuais produzidos em entrevistas sociolinguísticas.

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Publicado

2016-12-08

Como Citar

Freitag, R. M. K., Severo, C. G., Rost-Snichelotto, C. A., & Tavares, M. A. (2016). Como os brasileiros acham que falam? Percepções sociolinguísticas de universitários do Sul e do Nordeste. Todas As Letras - Revista De Língua E Literatura, 18(2), 64–84. Recuperado de http://editorarevistas.mackenzie.br/index.php/tl/article/view/9166

Edição

Seção

Dossiê