Reflexões sobre a afetividade nas interações entre professor(a) e criança na educação infantil

Resumen

O artigo analisa a presença da afetividade nas relações interpessoais entre professor(a), bebês e crianças pequenas. Nasceu de uma pesquisa realizada em nível de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) na Licenciatura em Pedagogia, sendo de abordagem qualitativa e caráter bibliográfico, associado a um estudo de campo. Durante a realização de três estágios em creches, no período de janeiro de 2017 a março de 2020, foram feitas observações de interações entre professores(as) e crianças na Educação Infantil, as quais provocaram inquietações diretamente relacionadas ao campo da afetividade. Como principal suporte teórico para compreender a afetividade foram adotados os conceitos de Henri Wallon (1971, 1989, 2007, 2008), sendo estabelecidos cruzamentos com outras pesquisas que investigam o assunto. O tema é abordado de forma condizente às concepções basilares das pedagogias participativas (OLIVEIRA-FORMOSINHO, 2007), as quais nutrem a construção de laços afetivos por meio do diálogo e da escuta sensível, exercitam modos de ver o mundo desde o ponto de vista das crianças, que são respeitadas como ativas, competentes e com direito de co-definir os itinerários educativos. Por meio das análises das observações de campo, o texto revela dificuldades enfrentadas na construção de práticas pedagógicas democráticas e respeitosas com a diversidade dos modos de ser e de viver de cada criança. Foi observada nas creches uma multiplicidade de conflitos e de maneiras de resolvê-los, percebendo que não existe uma fórmula para resolução de problemas, sendo essencial a compreensão, a escuta sensível, o olhar respeitoso e permitir-se ser afetado(a) pela criança para que seja possível auxiliá-la genuinamente em suas necessidades. Verificou-se ser impres­cindível existir tempo/espaço fecundo na formação de professores(as) de Educação Infantil para o estudo da afetividade, para que se compreenda sua complexidade ao permear tanto a constituição da pessoa humana quanto os processos de construção de conhecimento. Sugere-se que isso seja feito por meio de uma mescla de abordagem de conceitos e teorias sobre o tema, com o re-adentrar a escola, enquanto profissionais em formação, debater sobre acontecimentos de outros coti­dianos educativo-pedagógicos, assim como aconteceu na vivência de estágio e na construção do TCC aqui relatada.