Rede de discursos
construindo outra 33ª Bienal de São Paulo a partir de seus rastros digitais no Twitter e Facebook
Keywords:
rastros digitais, museu, bienal de são paulo, redes sociais, arteAbstract
Como parte da obra Outra 33a Bienal de São Paulo, que buscou criar um arquivo alternativo do sistema artístico da Bienal, um grupo de artistas e pesquisadores multidisciplinares analisou os discursos construídos e publicados nas redes sociais sobre a exposição. Através da coleta e análise dos rastros públicos das interações de usuários no Facebook e Twitter, o objetivo desta pesquisa foi investigar quais os discursos não-oficiais sobre o evento que reverberaram para fora do espaço expositivo. Por meio de coletas e mineração de dados feitas com script Ford Parse, desenvolvido pelo Labic (UFES), foram obtidos 2.764 postagens do Twitter, e 38 posts e 827 comentários no Facebook entre 28 de agosto e 02 de novembro de 2018. As análises quantitativas e qualitativas nos permitiram observar uma estreita relação entre o espaço artístico e questões sociais e políticas. O tema mais relevante no período foi o ato pró-Lula, chamado “Lulaço”, que foi realizado na abertura da Bienal. Outros apontamentos da pesquisa demonstram diversos discursos não-oficiais que reverberaram nas redes sociais durante o principal evento de arte do Brasil: entre a atenção da imprensa, emoções negativas e positivas, uma rádio de trânsito, e "check-in" por meio de fotos. Para além de um estudo elucidativo ou mesmo definitivo sobre o tema, este trabalho teve a intenção de contribuir para a criação de uma cultura de investigação das repercussões que escapam aos métodos tradicionais de mensuração do impacto de um grande evento de arte. Oferecemos uma compreensão mais ampla, que entende o sistema da arte como algo maior do que seu discurso tradicional codificado. Ao reunir, selecionar e analisar com atenção outras vozes, este artigo enfatiza que a arte é acima de tudo um conjunto de práticas sociais e deve ser encarado como um campo para além de seus objetos. A partir dos conjuntos de dados investigados poderão ser feitos ainda novos estudos no futuro, já que os dados coletados são mantidos como parte do arquivo da instituição, oferecendo camadas da exposição que costumeiramente não são levadas em conta e preservadas.
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