Roteiro criativo do poema digital Pronombres

Autores

  • Rodolfo Mata Universidad Nacional Autónoma de México https://orcid.org/
  • Carole Chargueron Escuela Superior de Música del Instituto Nacional de Bellas Artes

Palavras-chave:

Poesia digital, Poesia latino-americana, poesia visual, paisagem sonora, arte digital

Resumo

O artigo relata detalhadamente o processo de criação do poema digital Pronombres, realizado por Rodolfo Mata e Carole Chargueron, entre fevereiro e junho de 2018. Começa com uma reflexão sobre a mistura de ordem e desordem no processo criativo, as possibilidades de registrá-lo numa narrativa estruturada e coerente e o grau de veracidade que tal narrativa pode atingir, considerando que foi escrita a posteriori. Estabelece diversos paralelos com o ensaio “The Philosophy of Composition” (1846), que Edgar Allan Poe escreveu para explicar as origens de seu poema “O corvo”, e anuncia que vai seguir a mesma técnica, tentando traçar um “itinerário às avessas” (em palavras de Haroldo de Campos). Cada autor se desenvolveu em sua própria área, Rodolfo Mata na poesia e Carole Chargueron na música eletroacústica. A montagem em HTML5 foi feita por Rodolfo Mata e se produziram em torno de 40 versões progressivas sobre as quais se trabalhou em conjunto. A criação multimídia é um processo complexo em que convergem diversos elementos (imagem, som, movimento), diferentes habilidades, recursos e criadores. Nessa interação se produzem principalmente três fenômenos —sinergia, interferência e modulação— que são explicados. O início de Pronombres foi o poema visual “Comunidad poética” (2015) de Rodolfo Mata, criado a partir de uma fotografia da cabine de um avião comercial, na qual aparecem várias telas colocadas nos encostos das poltronas e em outras partes do avião. Sobre elas, editando a fotografia, o autor escreveu vários pronomes pessoais, gerando uma tensão poética entre eles, para questionar o isolamento que se produz entre as pessoas durante o voo. Dessa maneira se restituiria a ideia de comunidade e se encenaria o papel dos pronomes como “pessoas”, isto é, “máscaras” no sentido latino do termo. O artigo comenta as origens de outros três poemas visuais do autor, no que diz respeito à precedência da imagem ou da palavra e a sua articulação. Uma vez que Rodolfo Mata empreendeu a montagem do poema digital interativo, apareceu a necessidade de integrar a dimensão sonora. Para isso Carole Chargueron decidiu utilizar o gênero soundscape (paisagem sonora), do qual se oferece uma breve revisão. A dinâmica apresentada pelo poema digital consiste em uma série de pistas sonoras e um conjunto de animações em que as grafias dos pronomes “dançam” e se transformam de diversas maneiras como partes de textos poéticos. O artigo explica a rede de relações entre esses elementos e algumas das motivações metafóricas que as sustentam, as quais procedem de diferentes âmbitos: a diversidade regional do espanhol, o gênero como fenômeno gramatical e cultural e a identidade. O artigo faz ênfase no trabalho em equipe e oferece links a dois vídeos de Youtube e uma lista de pistas de áudio em SoundCloud.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Rodolfo Mata, Universidad Nacional Autónoma de México

Centro de Estudios Literarios

Instituto de Investigaciones Filológicas, UNAM

Carole Chargueron, Escuela Superior de Música del Instituto Nacional de Bellas Artes

Começou a estudar piano aos 7 anos. Fez graduação e mestrado em musicologia e depois ingressou no grupo de música electroacústica de Michel Pascal em Nice. Viajou aos Estados Unidos para estudar em CalARTS, com Morton Subotnick.  Graduou-se em composição eletroacústica no Conservatoire Nacional Supérior de Musique et Danse de Lyon ,com Philippe Manoury e Denis Lorrain. Vive no México desde 1998. É responsável pela oficina de electroacústica da Escuela Superior de Música e foi coordenadora da Academia de Composición da mesma escola. Durante 6 anos, fez parte da planta docente do Diplomado transdisciplinario “Tránsitos”, do Centro Nacional de las Artes. Foi coorganizadora do festival de música eletroacústica "Sismo 04" (Escuela Nacional de Música-UNAM 2004). Foi bolsista do Fondo Nacional para la Cultura y las Artes para fazer uma residência no exterior no Centro Banff, e do programa “Proyectos y Coinversión” para realizar sua pieza “Barkhanes” para quatro instrumentistas, processos de áudio em vivo espacializados en quadrifonia (Laboratorio Arte Alameda - 2010). Sua peça “Y.K./3 monocromías” para ensamble e eletroacústica (4 canais) foi uma encomenda do CEPROMUSIC como parte da comemoração do Palacio de Bellas Artes (2014). Em 2015 realizou “Fonomicroscopía del D.F.” (peça de 22.2 canais) para o Espacio de Experimentación Sonora, Museo Universitario de Arte Contemporáneo (MUAC) como parte do Festival de Música Nueva Manuel Enríquez. Esse mesmo ano trabalhou para o projeto do bolsista Sebastián Solórzano (iluminação) do programa “Rolex Mentor and Protégés Arts Initiative”, para compor a música e a espacialização en 24.2 canales de seu projeto final (El Galeón – dezembro 2015). Graças a uma bolsa para compositores de Ibermúsicas, realizou uma residência em Chile em 2016 para compor “Cerro del Bramador”, peça octofônica baseada no fenômeno natural do canto das dunas e sons do deserto. Em junho de 2017 estreou sua peça “Exploración metálica” para Monumento de percussão (escultura sonora Baschet) e um percussionista dentro da exposição Reverberaciones do MUAC. Está particularmente interessada em compor para música electroacústica mixta, peças acusmáticas, em refletir sobre a música e sua relação com o espaço e como arte cénica. Nas peças mixtas, seu principal interesse é desenvolver uma colaboração estreita com o intérprete no momento da concepção da peça. Suas peças foram apresentadas no México e no exterior pelo Verge Ensemble (Estados Unidos), CEPROMUSIC, Eva Zöllner (Festival Cervantino), Duplum Duo (Colegio Nacional, Festival Internacional Oaxaca, Festival Discantus Puebla), Asako Arai (Foro de Música Nueva Manuel Enríquez), entre outros.

Referências

ARAGÃO, Thaís A. Paisagem sonora como conceito: tudo ou nada? Revista Música Hodie, 2019, v.19: e53417.
DE CAMPOS, Haroldo. “O texto-espelho (Poe, engenheiro de avessos)”. In: DE CAMPOS, Haroldo. A operação do texto. 1. ed. São Paulo: Perspectiva,1976. p. 23-41.
MATA, Rodolfo. Desescribir. 1a ed. México: Ediciones del Lirio / Argentina: Ediciones Postypographika, 2021.
PAZ, Octavio. Traducción: literatura y literalidad. 2. ed. Barcelona: Tusquets Ediores, 1981.
YUSTE, Miguel Ángel. “Jota que suena en el alma”. Heraldo de Aragón, 15 octubre 2010. http://rincondecoplas.blogspot.com/2010/10/jota-que-suena-en-el-alma-heraldo-de.html.

Downloads

Publicado

2022-12-23

Como Citar

Mata, R., & Chargueron, C. (2022). Roteiro criativo do poema digital Pronombres. Revista Trama Interdisciplinar, 13(2), 95–114. Recuperado de http://editorarevistas.mackenzie.br/index.php/tint/article/view/15194