Trauma Psíquico e Abuso Sexual: O Olhar de Meninas em Situação de Vulnerabilidade

Conteúdo do artigo principal

Dorian Mônica Arpini
Aline Cardoso Siqueira
Sabrina Dal Ongaro Savegnago

Resumo

Este artigo aborda a noção do trauma psíquico em crianças e adolescentes vítimas de abuso sexual, a partir do olhar de meninas em situação de vulnerabilidade. Trata?se de uma pesquisa qualitativa, realizada com adolescentes, na qual se procurou, por meio da realização de grupos focais, compreender a perspectiva do abuso sexual e seus efeitos em crianças e adolescentes. Os resultados apontam que o abuso sexual é entendido como um evento traumático, descrito como uma situação que, por ter violado os direitos e desejos, deixa marcas profundas. Entre seus efeitos, as meninas descrevem comportamentos que denotam a situação traumática, como isolamento, retraimento, medos, sendo estes descritos como marcas posteriores à situação abusiva. Nas considerações finais, destaca?se a importância do enfrentamento das situações de violência, estimulando e fortalecendo a rede de atendimento, uma vez que somente este permitiria a elaboração da situação traumática, ocasionada pela distorção relacional que a situação abusiva organizou.


 


 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Detalhes do artigo

Seção
Artigos

Referências

ARAÚJO, M. F. Violência e abuso sexual na família. Psicologia em estudo, Maringá, v. 7, n. 2, p. 3-11, jul./dez. 2002.

ARPINI, D. M.; SOARES, A. C.; BERTÊ, L. FORNO, C. D. A revelação e a notificação das situações de violência contra a infância e a adolescência. Psicologia em Revista, Belo Horizonte, v. 14, n. 2, p. 95-112, dez. 2008.

______; HERMANN, C.; FORNO, C. D.; SOARES, A. C. A importância da escuta na revelação da violência contra a infância e a adolescência. Psicologia, Educação e Cultura, Pedroso/Portugal, v. 14, n. 1, p. 111-128, mai. 2010.

BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Ed. 70, 1997.

BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE. Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde/MS sobre Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisa Envolvendo Seres Humanos. Diário Oficial da União, 1996.

BOUHET, B.; PÉRARD, D.; ZORMAN, M. Da importância dos abusos sexuais na França. In: GABEL, M. (Org.). Crianças Vítimas de Abuso Sexual. São Paulo: Summus, 1997. p. 29-42

CRIVILLÉ, A. Nem muito, nem pouco. Exatamente o necessário. In: GABEL, M. (Org.). Crianças Vítimas de Abuso Sexual. São Paulo: Summus, 1997. p. 132-143.

ELIACHEF, C. Todos vítimas? A propósito dos maus tratos à criança. In: ALTOÉ, S. (Org.). A Lei e as leis: direito e psicanálise. Rio de Janeiro: Revinter, 2007. p. 163-172.

FALEIROS, V. A violência sexual contra crianças e adolescentes e a construção de indicadores: a crítica do poder, da desigualdade e do imaginário. Trabalho apresentado na oficina de Indicadores de Violência Intra-Familiar e da Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, promovida pelo CECRIA. Brasília, 1997.

FALEIROS, E. T. S. O abuso sexual contra crianças e adolescentes: os descaminhos da denúncia. Brasília: Secretaria Especial de Direitos Humanos, 2003.

______. Repensando os conceitos de violência, abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes. Brasília: CECRIA/SEDH-DCA/UNICEF, 2000.

FERENCZI, S. Confusão de língua entre os adultos e a criança: a linguagem da ternura e da paixão. In: Obras completas Psicanálise IV. São Paulo: Martins Fontes, 1992, v. IV. p. 97-106

FREUD, S. Três ensaios sobre a teoria da sexualidade. In: Edição standard das obras completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1905/1989. v. VII. p. 127-216.

______. A dinâmica da transferência. In: Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1912/1989. v. XII. p. 133-143.

______. Além do princípio do prazer. In: Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1920/1989. v. XVIII. p. 17-85.

GABEL, M. Algumas observações preliminares. In: GABEL, M. (Org.). Crianças Vítimas de Abuso Sexual. São Paulo: Summus, 1997. p. 9-13.

GASKELL, G. Entrevistas individuais e grupais. In: BAUER M. W.; GASKELL, G. (Org.). Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático. Petrópolis: Vozes, 2005. p. 64-89.

GONÇALVES, H. S.; FERREIRA, H. L. A notificação da violência intrafamiliar contra crianças e adolescentes por profissionais da saúde. Cadernos de Saúde Pública, v.18, n.1, p. 315-319, jan./fev. 2002.

JOVCHELOVITCH, S. Representações sociais e esfera pública. Petrópolis: Vozes, 2000.

KOLLER, S. H; DE ANTONI, C. Violência intrafamiliar: uma visão ecológica. In: AMENCAR (Org.). Violência doméstica. Brasília: UNICEF, 2000. p. 32-42.

LAPLANCHE, J.; PONTALIS, J. Dicionário de Psicoanalisis. Barcelona: Labor, 1979.

LAMOUR, M. Os abusos sexuais em crianças pequenas: sedução, culpa, segredo. In: GABEL, M. (Org.). Crianças Vítimas de Abuso Sexual. São Paulo: Summus, 1997. p. 43-61.

MARIN, I. Violências. São Paulo: Escuta/Fapesp, 2002.

PFEIFFER, L.; SALVAGNI, E. P. Visão atual do abuso sexual na infância e adolescência. Jornal de Pediatria, Rio de Janeiro, v. 81, n. 5, p. 197-204, 2005.

RODRIGUES, J. L.; BRINO, R. de F.; WILLIAMS, L. C. A. Concepções de sexualidade entre adolescentes com e sem histórico de violência sexual. Paidéia, Ribeirão Preto, v. 16, n. 34, p. 229-240, mai./ago. 2006.

ROUYER, M. As crianças vítimas, consequências a curto e médio prazos. In: GABEL, M. (Org.). Crianças vítimas de abuso sexual. São Paulo: Summus, 1997. p. 62-71.

SÁ, D, G. F.; CURTO, B. M.; BORDIN, I. A. S.; PAULA, C. S. Exposição à violência como risco para o surgimento ou a continuidade de comportamento antissocial em adolescentes da região metropolitana de São Paulo. Psicologia: teoria e prática, São Paulo, v. 11, n. 1, p. 179-188. 2009.

VIAUX, J. Nem muito, nem pouco. Exatamente o necessário. In: GABEL, M. (Org.) Crianças vítimas de abuso sexual. São Paulo: Summus, 1997. p. 121-131.