A Infância sob a Tutela do Estado: Alguns Apontamentos

Conteúdo do artigo principal

Carolini Cássia Cunha
Maria Lúcia Boarini

Resumo

Este artigo traduz o resultado de um estudo cujo objetivo foi investigar a presença, ou não, de influências do ideário da eugenia e higiene mental nas políticas públicas dirigidas à infância. Para alcançar este objetivo tomamos como fonte principal, a legislação federal que institui a forma de atendimento à infância no Brasil, a saber: o Código de Menores de 1927, primeira legislação que trata exclusivamente da infância; o Código de Menores de 1979 e o Estatuto da Criança e do Adolescente-Eca, 1990. Consultamos também os periódicos e documentos da época, reveladores das contradições do período e a forma de enfrentamento das mesmas. A leitura atenta e rigorosa do material consultado indica pontos de convergência, parcial, entre o caminho proposto pelas legislações em tela e o ideário supracitado. O ECA aponta outros caminhos, entretanto, em geral, o cotidiano do atendimento à infância tem realizado encaminhamento que se aproxima do ideário em pauta.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Detalhes do artigo

Seção
Artigos

Referências

BASBAUM, L. História sincera da república: de 1889 a 1930. 4. ed. São Paulo: Alfa-Ômega, 1981.

BOARINI, M. L.; BORGES, R. F. Demanda infantil por serviços de saúde mental: sinal de crise. Estudos de Psicologia, Natal: Edufrn, v. 3, n. 1, p. 83-108, jan./jun. 1998.

BOARINI, M. L. Higienismo, eugenia e a naturalização do social. In: BOARINI, M. L. (Org.). Higiene e raça como projetos: higienismo e eugenismo no Brasil. Maringá: Eduem, 2003. p. 19-43.

BOARINI, M. L. A higiene mental e o saber instituído. Mnemosine, v. 3, n. 1, 2007. Disponível em: <http://www.cliopsyche.cjb.net/mnemo/index.php/mnemo/index>. Acesso em: 20 ago. 2009.

BRASIL. Decreto n. 847, 11 de outubro de 1890. Código Penal. Disponível em: <http://www2.camara.gov.br/legislacoes/publicacoes/republica>. Acesso em: 9 ago. 2008.

BRASIL. Lei 3.071, 1 de janeiro de 1916. Código Civil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L3071.htm>. Acesso em: 16 jun. 2009.

BRASIL. Decreto n. 17.943-A, 12 de outubro de 1927. Código de Menores. Disponível em: <http://www2.camara.gov.br/legislacoes/publicacoes/republica>. Acesso em: 9 ago. 2008.

BRASIL. Lei n. 4.513, 1o de dezembro de 1964. Autoriza o poder judiciário a criar a Fundação Nacional do Bem‑Estar do Menor. Disponível em: <http://www2.camara.gov.br/legislacoes/publicacoes/republica>. Acesso em: 9 ago. 2008.

BRASIL. Lei n. 6697, 10 de outubro de 1979. Institui o Código de Menores. Disponível em: <http://www2.camara.gov.br/legislacoes/publicacoes/republica>. Acesso em: 9 ago. 2008.

BRASIL. Lei 8.069, de 13 de julho de 1990. Estatuto da criança e do adolescente. Disponível em: <http://www2.camara.gov.br/legislacoes/publicacoes/republica>. Acesso em: 9 ago. 2008.

CALSING, E. F.; SHIMIDT, B. V.; COSTA, R. A. O menor e a pobreza. Brasília: IPLAN/IPEA, 1986.

CARRILHO, H. Considerações sobre a prophilaxia mental e delinquencia. Archivos Brasileiros de Hygiene Mental, anno I, n. 1, 1925.

COSTA, C. R. B. S. F. da; ASSIS, S. G. de. Fatores protetivos a adolescentes em conflito com a lei no contexto socioeducativo. Psicologia e Sociedade[online]. v. 18, n. 3, p. 74-81, 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-1822006000300011&lng=en&nrm=iso&tlng=pt>. Acesso em: 12 maio 2009.

ESPOSEL, E. Idéas geraes. Archivos Brasileiros de Hygiene Mental, anno I, n. 1, 1925.

FARANI, A. Cirurgia e higiene mental. Archivos Brasileiros de Hygiene Mental, anno I, n. 1, 1925.

FONTENELLE, A. Hygiene mental e educação. Archivos Brasileiros de Hygiene Mental, anno I, n. 1, 1925.

FUNDAÇÃO NACIONAL DO BEM-ESTAR DO MENOR. A experiência da Funabem na reeducação do menor de conduta anti‑social. Rio de Janeiro: Funabem, 1974.

KHEL, R. A esterilização dos grandes degenerados e criminosos. Archivos Brasileiros de Hygiene Mental, anno I, n. 1, 1925.

KRAMER, S.; BAZÍLIO, L. C. Infância, educação e direitos humanos. São Paulo: Cortez, 2003.

IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. LEVANTAMENTO Nacional de Abrigos para crianças e adolescentes da Rede SAC. 2007. Disponível em: <http://portaldo-voluntario.org.br/documents/0000/0189/109726162757.pdf>. Acesso em: 24 mar. 2009.

LIMA, G. Z. de. Saúde escolar e educação. São Paulo: Cortez, 1985.

MACHADO, M. de T. A proteção constitucional de crianças e os direitos humanos. São Paulo: Manole, 2003.

MENDES, E. G.; COSTA, A. C. G. da. Das necessidades aos direitos. São Paulo: Malheiros, 1994.

MONCORVO FILHO, A. Histórico da proteção à infância no Brasil: (1500-1922). Rio de Janeiro: Departamento da Criança no Brasil, 1926.

MOTTA, A. Criança e criminalidade no início do século. In: PRIORE, M. Del (Org.). História das crianças no Brasil. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2000. p. 225-258.

MOURA, E. Crianças operárias na recém-industrializada São Paulo. In: PRIORE, M. Del (Org.). História das crianças no Brasil. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2000. p. 259-288.

PASSETTI, E. Crianças carentes e políticas públicas. In: PRIORE, M. Del (Org.). História das crianças no Brasil. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2000. p. 347-375.

PRADA, C. G.; WILLIANS, L. C. A.; WEBER, L. N. D. Abrigos para crianças vítimas de violência doméstica: funcionamento relatado pelas crianças e pelos dirigentes. Psicologia: teoria e prática, São Paulo, v. 2, p. 14-25, jul./dez. 2007.

RADECKI, W. Hygiene mental. Archivos brasileiros de hygiene mental, anno I, n. 2, 1925.

RIZZINI, I. O século perdido: raízes históricas das políticas públicas para a infância no Brasil. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2008.

RODRIGUES, G. A. Os filhos do mundo: a face oculta da menoridade (1964-1979). São Paulo: IBCCRIM, 2001.

SILVA, E. R. A.; MELLO, S. G. de. Contextualizando o “levantamento nacional dos abrigos para crianças e adolescentes da rede de serviços de ação continuada”. Disponível em: <http://www.ipea.gov.br>. Acesso em: 24 ago. 2009.

STEPAN, N. A hora da eugenia: raça, gênero e nação na América Latina. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2005.