Não há salvação para a humanidade
Uma análise intertextual entre Gênesis 6-9 e o conto “Na arca”, de Machado de Assis
Palavras-chave:
Salvação; Mal; Intertextualidade; Dilúvio; ArcaResumo
A narrativa bíblica do dilúvio adquiriu caráter arquetípico no que tange à temática da salvação. Ao longo da história, estudiosos do livro de Gênesis tem explorado a natureza redentora desse relato enfatizando a integridade de Noé (Gn 6:9) em face da corrupção que permeava a humanidade (Gn 6:1-7). Contudo, apesar de mencionarem a integridade do personagem principal, essa não parece ser o único enfoque do relato bíblico. Paradoxalmente Gênesis 6-9 é uma narrativa modelo para se compreender a complexidade da maldade humana como um todo, enfatizando que nenhum ser humano merece a salvação. Seguindo pelo mesmo caminho interpretativo, o conto Na Arca, de Machado de Assis, adiciona capítulos ao relato bíblico propondo que, apesar de estarem na arca, a família de Noé tem coração mau, como toda humanidade. Afinal, agindo como seres bestiais na arca, o local de salvação seria estremecido. Desse modo, o presente artigo tem como objetivo analisar intertextualmente a relação entre a narrativa de Gênesis 6-9 em sua forma sincrônica e o conto de Machado de Assis. Procurar-se-á investigar de que maneira o conto pode ampliar a compreensão dessa narrativa, muitas vezes, restrita a uma tradição interpretativa. A abordagem machadiana parece lançar luz à tensão já presente no texto bíblico entre salvação e maldade. Afinal, em Gêneis 8:21, ao saírem da arca Noé e sua família, Deus faz a seguinte afirmação: “é mau o coração de todo homem”.
Downloads
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Os direitos autorais dos artigos publicados na Todas as Letras pertencem aos autores, que concedem à Universidade Presbiteriana Mackenzie os direitos exclusivos de publicação do conteúdo. É vedada sua reprodução total ou parcial sem a devida autorização da Comissão Editorial, exceto para estudo e pesquisa.