Uma análise enunciativa do discurso médico do século XIX
Palavras-chave:
Museu de História da Medicina de Porto Alegre, Teoria historiográfica linguística, Análise histórico-linguística, Discurso médico, Émile Benveniste.Resumo
Este trabalho visa a oferecer subsídios teóricos para o Projeto de Pesquisa intitulado “Formas e sentidos do imperativo no século XIX: um estudo enunciativo e histórico em textos médicos do Museu de História da Medicina de Porto Alegre (MHMPOA)”, desenvolvido no Instituto de Letras, UFRGS. Estabelecemos hipóteses e conceitos para a análise de textos contidos no Museu de História da Medicina de Porto Alegre. Na Reserva Técnica do MHMPOA, encontramos dois (2) Manuais de Saúde escritos por médicos leigos na segunda metade do Século XIX. No Museu Hipólito José da Costa, encontramos anúncios sobre remédios que referiam, na maior parte dos casos, à procedência francesas. A partir do estudo e da análise enunciativa da conversão da língua em discurso(s) (Benveniste, 1990) presentes nos Prolegômenos do Manual de Saúde, do farmacêutico Raspail (1860) em consonância com a construção da referência à França, presente em anúncios de remédios em jornais do Rio Grande do Sul, percebemos uma certa organização discursiva. Ainda que nesse período coexistissem diversas racionalidades sobre a doença e a saúde, na Europa (Pombo, 2010; 2011), concluímos que, no Rio Grande do Sul construiu-se um discurso que eleva a procedência francesa, seja de produtos, seja de manuais de saúde, ao status de detentora do poder dizer o que é e não é uma ‘boa’ medicina.
Downloads
Referências
A ORDEM: órgão do Partido Republicano [jornal]. Jaguarão, jan./jul. 1895. (Periodicidade indeterminada).
ÁVILA, V. F. de. Saberes históricos e práticas cotidianas sobre o saneamento: desdobramentos na Porto Alegre do século XIX (1850-1890). 2010. 201 f. Dissertação (Mestrado em História) – Programa de Pós-Graduação em História, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2010.
BENVENISTE, É. A forma e o sentido na linguagem. In: BENVENISTE, É. Problemas de linguística geral. Campinas: Pontes, 1989a. v. II, p. 220-244.
BENVENISTE, É. O aparelho formal da enunciação. In: BENVENISTE, É. Problemas de linguística geral. Campinas: Pontes, 1989b. v. II, p. 75-85.
BENVENISTE, É. Problemas semânticos da reconstrução. In: BENVENISTE, É. Problemas de linguística geral. Campinas: Pontes, 1989c. v. I, p. 319-339.
BRAGA, D. de A. R. A institucionalização da Medicina no Brasil Imperial: uma discussão historiográfica. Temporalidades, Belo Horizonte, v. 10, n. 1, jan./abr.
BYBEE, J. O método comparativo. In: BYBEE, J. Mudança linguística. Petrópolis: Vozes, 2020. p. 361-375.
CERTEAU, M. de. A escrita da História. Tradução Maria de Lourdes Menezes. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2002.
FLORES, V. do N.; ENDRUWEIT, M. L. A noção de discurso na teoria enunciativa de Benveniste. Moara, Belém, n. 38, p. 196-208, jul./dez. 2012. Disponível em: https://periodicos.ufpa.br/index.php/moara/article/view/1280/1698.
Acesso em: out. 2023.
FLORES, V. do N.; TEIXEIRA, M. Questões-chave da linguística da enunciação. In: FLORES, V. do N.; TEIXEIRA, M. Introdução à linguística da enunciação. São Paulo: Contexto, 2005. p. 97-110.
JORNAL do Commercio, Porto Alegre, jul./dez. 1882.
NICOLAU, R. B. F.; ALDRIGUE, A. C. de S. Práticas histórico-discursivas na seção “annuncios” de jornais no Brasil no século XIX. In: GONÇALVES SEGUNDO, P. R.; ANDRADE, M. L. C. V. O.; GOMES, V. S. (coord.). Tradições discursivas do Português Brasileiro: constituição e mudança dos gêneros discursivos. São
Paulo: Contexto, 2018. p. 234-273.
O MERCANTIL, Porto Alegre, jul./dez. 1879.
POMBO, M. D. Modelos terapêuticos em movimento no Portugal do século XIX: actores, discursos e controvérsias. 2010. 86 f. Dissertação (Mestrado em Sociologia da Saúde e da Doença) − Escola de Sociologia e Políticas Públicas, Instituto Universitário de Lisboa, Lisboa, 2010.
POMBO, M. D. O livro d’ouro do Povo – o sistema médico de Raspail em Portugal no século XIX. RECIIS – R. Eletr. de Com. Inf. Inov. Saúde, Rio de Janeiro, v. 5, n. 4, p. 32-44, dez. 2011. Disponível em: https://www.reciis.icict.fiocruz.br/index.php/reciis/article/view/76 7/1409. Acesso em: out. 2023
RASPAIL, F.-V. Manual de Saúde ou Medicina e farmácia domésticas: conhecimentos teóricos e práticos. 4. ed. Lisboa: Typ. de A. J. da Rocha, 1860.
ROSA, B. C. da. Redefinindo um conceito: a sífilis sob o olhar do médico oitocentista e sob a pele do povo da Capital da Província de São Pedro (1843-1853). 2016. 93 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Licenciatura em História) – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2016. Disponível em: https://lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/156993/001017293.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: out. 2023.
ROSSI, D. S.; WEBER, B. T. Apontamentos historiográficos sobre a história da saúde pública. In: SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA: CONHECIMENTO HISTÓRICO E DIÁLOGO SOCIAL, XXVII., 2013, Natal. Anais [...]. Natal: ANPUH, 2013. 15 p. Disponível em: http://www.snh2013.anpuh.org/resources/anais/ 27/1363998151_ARQUIVO_ArtigoAnpuhRN.pdf. Acesso em: out. 2023.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Silvana Silva
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Os direitos autorais dos artigos publicados na Todas as Letras pertencem aos autores, que concedem à Universidade Presbiteriana Mackenzie os direitos exclusivos de publicação do conteúdo. É vedada sua reprodução total ou parcial sem a devida autorização da Comissão Editorial, exceto para estudo e pesquisa.