É possível ser cortês num debate político às vésperas das eleições?

Autores

  • Ione Vier Dalinghaus Doutorado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) Professora da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Campus de Aquidauana

Resumo

A proposta deste trabalho é investigar manifestações com marcas corteses num debate político entre os candidatos Dilma Rousseff e Aécio Neves a Presidente da República, às vésperas da eleição de 2014, no Brasil. Considerando a visível preocupação dos candidatos em construir e manter sua autoimagem favorável diante dos eleitores ao participarem de debates políticos, buscou-se, neste estudo, analisar e interpretar algumas intervenções linguístico-discursivas dos debatedores por meio das quais eles se mostram corteses, mesmo que aparentemente corteses. Assim, analisaram-se manifestações de cortesia e de cortesia aparente. Para isso, fundamentou-se o trabalho nas bases teóricas clássicas da interação verbal  de Goffman (1967), Brown & Levinson (1978; 1987) e sobretudo, nos estudos mais recentes de Kerbrat-Orecchioni (2006; 2014). Constatou-se, ao término do estudo, a ausência de enunciados verdadeiramente corteses e a presença numerosa de atos aparentemente corteses, com objetivos evidentes de desvalorização do candidato oponente.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

______. Polidez e Impolidez nos debates políticos televisivos: o caso dos debates entre dois turnos dos presidentes franceses. In: SEARA, Isabel Roboredo. Cortesia: olhares e (re) invenções. Lisboa, DF: Chiado Ed., 2014. p. 47-82.

______. Politeness: some universals in language use. Cambridge: Cambridge University Press, 1987.

ALBELDA MARCO, Marta; BRIZ, Antonio. Aspectos pragmáticos. Cortesía y atenuantes verbales en las dos orillas a través de muestras orales. In: MILAGROS, Aleza; ENGUITA, José María (org). La lengua española en América: normas y usos actuales. Valencia: Universidad de Valencia, 2010. p. 237–260. Disponível em: <http://www.uv.es/aleza>. Acesso em: 17 nov. 2015.

ARISTÓTELES. Arte Retórica e Arte Poética. Tradução Antônio Pinto de Carvalho. Rio de Janeiro: Ediouro, 1979.

BARROS, Diana Luz Pessoa de. A provocação no diálogo: estudo da descortesia. In: PRETI, Dino (org), Cortesia Verbal. São Paulo: Humanitas, 2008. p. 89- 124.

BRANDÃO, Cibele; SATHLER, Erika. Cortesia Brasileira: reações e elogios. In: SEARA, Isabel Roboredo. Cortesia: olhares e (re) invenções. Lisboa, DF: Chiado Ed., 2014.

BRAVO, Diana (org). Estudios de la (des)cortesía en español: categorías conceptuales y sus aplicaciones a corpus orales y escritos. Buenos Aires: Dunken, 2005.

BRIZ, Antonio. La estrategia atenuadora en la conversación cotidiana española. In: BRAVO, Diana (org). Actas del Primer Coloquio del Programa EDICE. Estocolmo: EDICE, 2003. p. 17- 46.

BROWN, Penélope; LEVINSON, Stephen.C. Levinson, S. C. Universals in language usage: Politeness phenomena. In: E. N. Goody (Ed.), Questions and politeness: strategies in social interaction. Cambridge: Cambridge University Press, 1978. p. 56-311.

FRASER, B.; NOLEN, W. The association of deference with the linguistic form. International Journal of the Sociology of Language, n. 27, p. 93-109, 1981.

GOFFMAN, Ervin. Interaction ritual. Nueva York: Pantheon Books, 1967.

GONZÁLEZ SALINAS, Armando. Fase exploratoria del empleo de no sé como marcador discursivo de atenuación en el Grupo 1 del corpus Monterrey PRESEEA. In: FLORES, María Eugenia e INFANTE, José María. La (des)cortesía en el discurso: perspectivas interdisciplinarias (imagen, actos de habla y atenuación) 1. ed. Monterrey-Estocolmo: UANL-EDICE, 2014. p. 325-360.

KERBRAT-ORECCHIONI, Catherine. Análise da conversação: princípios e métodos. Tradução Carlos Piovezani Filho. São Paulo: Parábola, 2006.

LEECH, Geoffrey Neil. Principles of pragmatics. Londres: Longman, 1983.

SEARA, Isabel Roboredo. Cortesia: olhares e (re) invenções. Lisboa, DF: Chiado Ed., 2014.

Downloads

Publicado

2018-08-31

Como Citar

Vier Dalinghaus, I. (2018). É possível ser cortês num debate político às vésperas das eleições?. Cadernos De Pós-Graduação Em Letras, 18(2). Recuperado de http://editorarevistas.mackenzie.br/index.php/cpgl/article/view/11429