Urbanismo e Empoderamento Feminino

Uma perspectiva aplicada às favelas

Autores

  • Yara Coelho Neves Universidade Federal da Bahia
  • Júlia Romano Daibert Universitat Politècnica de Catalunya e Delft University of Technology

DOI:

https://doi.org/10.5935/cadernospos.v21n1p114-126

Palavras-chave:

Urbanismo de gênero; Raça; Favela; Hortas urbanas; Mulher.

Resumo

Historicamente, nossas cidades foram pensadas para e por homens, brancos, das classes média e alta. Enquanto isso, a mulher foi relegada ao espaço doméstico, realizando todo tipo de trabalho considerado não produtivo. Todavia, a lógica de nossa sociedade se modificou substancialmente a partir da segunda metade do século XX em diante e a mulher passou a se colocar de maneira efetiva nos espaços públicos de nossas cidades. Para além disso, ao nos atentarmos para o recorte racial, a mulher negra sempre esteve ocupando os espaços públicos da urbe pela necessidade de ingressar precocemente no mercado de trabalho. Dados dos últimos 20 anos apontam que o local em que se estabelece essa população feminina e negra nas nossas cidades são os chamados aglomerados subnormais, ou seja, as favelas. Outros estudos apontam, ainda, que nessas comunidades, são as mulheres que encabeçam as lutas por melhorias nos espaços. Sendo assim, o presente artigo debate a apropriação dos espaços públicos sob a perspectiva de gênero, raça e classe. Ao final, levanta-se o debate sobre formas alternativas e saudáveis de produzir um espaço público autogerido nas favelas, buscando favorecer a lógica de usos complexos e demandas deste corpo feminino negro no local em que habitam.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Yara Coelho Neves, Universidade Federal da Bahia

Mestre pela Universidade Federal da Bahia

Júlia Romano Daibert, Universitat Politècnica de Catalunya e Delft University of Technology

Mestre pela Universitat Politècnica de Catalunya e Delft University of Technology.

Referências

BARBOSA, R. Áreas verdes e qualidade térmica em ambientes urbanos: estudo em microclimas de Maceió (AL). 2005. Dissertação (Mestrado em Engenharia) – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2005.

BERTH, J. As cidades brasileiras não foram projetadas para a diversidade. Casa Vogue, 2018. Disponível em: https://casavogue.globo.com/Casa-Vogue-Experience/noticia/2018/11/cidades-brasileiras-nao-foram-projetadas-para-diversidade-disse-arquiteta-joice-berth.html. Acesso em: 18 ago. 2020.

BRASIL. MINISTÉRIO DAS CIDADES. Política Nacional de Habitação. Brasília: Presidência da República, Ministério das Cidades, 2004. Disponível em: https://www.mdr.gov.br/images/stories/ArquivosSNH/ArquivosPDF/4PoliticaNacionalHabitacao.pdf. Acesso em 25 ago. 2020.

BONDUKI, N. Origens da habitação social no Brasil. São Paulo: Estação Liberdade, 1998.

BRASIL. INSTITUTO DE PESQUISA E ECONOMIA APLICADA. Retrato das desigualdades de gênero e raça. Brasília, 2011. Disponível em: https://www.ipea.gov.br/retrato/pdf/revista.pdf. Acesso em: 20 nov. 2020.

COL.LECTIU Punt 6. Urbanismo feminista: por una transformación radical de los espacios de vida. Barcelona: Virus, 2019.

CORREIA, A.; COELHO, C.; SALES, L. Cidade interseccional: o direito à cidade nas perspectivas de gênero e raça. Observatório das Metrópoles, 2018. Disponível em: https://www.observatoriodasmetropoles.net.br/o-direito-cidade-nas-perspectivas-de-genero-e-raca/. Acesso em: 10 ago. 2020.

COSTA, C. G. A. et al. Hortas comunitárias como atividade promotora de saúde: uma experiência em Unidades Básicas de Saúde. 2015. Disponível em: https://www.scielosp.org/article/csc/2015.v20n10/3099-3110/pt/ Acesso em: 28 nov. 2020.

COSTA, N. et al. Benefícios sociais, ambientais e económicos das hortas sociais biológicas do Município da Póvoa de Lanhoso. Lisboa: Associação Portuguesa de Horticultura (APH), 2017.

DATA FAVELA. Fórum Nova Favela Brasileira, 2015. Disponível em: https://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/UFs/AM/Anexos/Apresenta%C3%A7%C3%A3o_2%C2%BA%20Forum%20Favela_Consolidado.pdf. Acesso em: 1º dez. 2020.

DENALDI, R. (org.). Planejamento habitacional: notas sobre a precariedade e terra nos Planos Locais de Habitação. São Paulo: Annablume, 2013. 308 p.

FEDERICI, S. Mulheres, corpo e acumulação primitiva. São Paulo: Elefante, 2017.

FERREIRA, K. S. G. R. da. Urbanismo feminista. In:, ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM PLANEJAMENTO URBANO E REGIONAL, 17., 2017, São Paulo. Anais [...]. São Paulo, 2017.

FOSTER, A.; ROBERTO, S. S.; IGARI, A. T. Economia circular e resíduos sólidos: uma revisão sistemática sobre a eficiência ambiental e econômica. In: ENCONTRO INTERNACIONAL SOBRE GESTÃO EMPRESARIAL E AMBIENTE, 2016, São Paulo. Anais [...]. São Paulo, 2016.

FRANCO, M. UPP – A redução da favela a três letras: uma análise da política de segurança pública do Estado do Rio de Janeiro. 2014. Dissertação (Mestrado em Administração) - Programa de Pós-Graduação em Administração da Faculdade de Administração, Ciências Contábeis e Turismo da Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2014.

FREYRE, G. Sobrados e mucambos. Rio de Janeiro: Record, 1936.

GARCIA, L. G. Ecofeminismo – a teoria das conexões. Material Didático da Disciplina de Sociedade e Natureza. Mestrado Prodema/UFPB, 2012. 48 p.

HONDA, S. Omori. Pesquisa-ação na implantação de horta comunitária: empoderamento e sustentabilidade na periferia de Guarulhos. 2018. Dissertação (Mestrado em Ciências) – Programa de Pós-Graduação em Ambiente, Saúde e Sustentabilidade da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2018.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Diretoria de Geociências. Coordenação de Geografia e Meio Ambiente. Rio de Janeiro, 2020.

MATOS, M. I.; BORELLI, A.; SCHWARTZ, R. Gênero, terceiro setor e desenvolvimento: quebradeiras - uma luta pela preservação do meio ambiente e cultura dos babaçuais. 1. ed. São Paulo: Verona, 2015.

MONTANER, J. M.; MUXÍ, Z. A cidade próxima: o urbanismo sem gênero. In: Arquitetura e política: ensaios para mundos alternativos. São Paulo: Gustavo Gili, 2014.

MONTEIRO, P. et al. O protagonismo feminino na luta contra as remoções do rio de janeiro. In: TANAKA, G. et al. (org.). Viva a Vila Autódromo: o plano popular e a luta contra a remoção. Rio de Janeiro: Letra Capital, 2018.

PASTERNAK, S.; D'OTTAVIANO, C. Favelas no Brasil e em São Paulo: avanços nas análises a partir da Leitura Territorial do Censo de 2010*. Cadernos Metrópolis, v. 18, n. 35, p. 75-100, 2016. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S223699962016000100075&script=sci_abstract&tlng=pt. Acesso em: 20 ago. 2020.

PINHEIRO, L. et al. Retrato da desigualdade de gênero e raça. 3. ed. Brasília: Ipea. 2008. 36 p. Disponível em: https://www.ipea.gov.br/retrato/pdf/terceiraedi cao.pdf. Acesso em: 25 ago. 2020.

RIBEIRO, D. O que é lugar de fala? Belo Horizonte: Letramento. 2017. 112 p.

ROLNIK, R. Guerra dos lugares: a colonização da terra e da moradia na era das finanças. 1. ed. São Paulo: Boitempo, 2015.

SALLEH, A. Ecosocialismo-Ecofeminismo. Nueva Sociedad, n. 122, p. 230-233, nov./dez. 1992. Disponível em: http://nuso.org/upload/articulos/2190_1.pdf. Acesso em: 16 agosto de 2020.

SOUZA, L. L. Gênero, periferia e identidade: coletivo “Nós, mulheres da periferia”. TCC – São Pailo: Celacc/ECA – Universidade de São Paulo. São Paulo, 2014. 16 p.

VARANDA, A. P. de M. Gênero e práticas econômicas comunitárias na produção do espaço das favelas do Rio de Janeiro. Curitiba: Appris, 2018.

VELOSO, C. [compositor e intérprete]. Divino maravilhoso. São Paulo: Philips Records, 1969. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v= Emu4JrrfpM0. Acesso em: 30 ago. 2020.

Downloads

Publicado

2021-07-03

Como Citar

COELHO NEVES, Y.; ROMANO DAIBERT, J. Urbanismo e Empoderamento Feminino: Uma perspectiva aplicada às favelas. Cadernos de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo, [S. l.], v. 21, n. 1, p. 114–126, 2021. DOI: 10.5935/cadernospos.v21n1p114-126. Disponível em: http://editorarevistas.mackenzie.br/index.php/cpgau/article/view/urbanismo.empoderamento.feminino.cadernos.pos.au.2021.1. Acesso em: 11 maio. 2024.

Edição

Seção

Artigos