Urbanismo e Empoderamento Feminino
Uma perspectiva aplicada às favelas
DOI:
https://doi.org/10.5935/cadernospos.v21n1p114-126Palavras-chave:
Urbanismo de gênero; Raça; Favela; Hortas urbanas; Mulher.Resumo
Historicamente, nossas cidades foram pensadas para e por homens, brancos, das classes média e alta. Enquanto isso, a mulher foi relegada ao espaço doméstico, realizando todo tipo de trabalho considerado não produtivo. Todavia, a lógica de nossa sociedade se modificou substancialmente a partir da segunda metade do século XX em diante e a mulher passou a se colocar de maneira efetiva nos espaços públicos de nossas cidades. Para além disso, ao nos atentarmos para o recorte racial, a mulher negra sempre esteve ocupando os espaços públicos da urbe pela necessidade de ingressar precocemente no mercado de trabalho. Dados dos últimos 20 anos apontam que o local em que se estabelece essa população feminina e negra nas nossas cidades são os chamados aglomerados subnormais, ou seja, as favelas. Outros estudos apontam, ainda, que nessas comunidades, são as mulheres que encabeçam as lutas por melhorias nos espaços. Sendo assim, o presente artigo debate a apropriação dos espaços públicos sob a perspectiva de gênero, raça e classe. Ao final, levanta-se o debate sobre formas alternativas e saudáveis de produzir um espaço público autogerido nas favelas, buscando favorecer a lógica de usos complexos e demandas deste corpo feminino negro no local em que habitam.
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