A constituição de espaços públicos pela negritude e branquitude em Florianópolis

Os casos da Avenida Hercílio Luz e Praça do Monte Serrat

Autores

  • Rafael Alves de Campos Universidade do Vale do Itajaí
  • Alicia Norma González de Castells UFSC
  • Ana Paula Magalhães Jeffe
  • Marcia do Valle Pereira Loch

DOI:

https://doi.org/10.5935/cadernospos.v20n2p41-57

Palavras-chave:

Espaço público; Táticas urbanas; Negritude; Branquitude; Rio da Bulha.

Resumo

A construção da Avenida Hercílio Luz e do primeiro reservatório de água de Florianópolis-SC deixaram marcas na paisagem que suscitam memórias higienistas. Recentemente, o reservatório foi transformado em praça pública através de táticas de mobilização da comunidade do Morro da Caixa. A produção desses dois espaços públicos reflete as dinâmicas de poder e como as espacialidades da branquitude e da negritude se expressam na urbe. Demonstra como a retificação e o tamponamento de um rio tem relação com o deslocamento e a invisibilização da população afrodescente no território. A construção da praça reflete um movimento de resistência e conquista do direito à cidade por essa população, que tem no território a valorização da sua identidade. Por meio de revisão de literatura, entrevistas e observação assistemática, apresenta-se uma análise do contexto urbano e seus processos de constituição, destacando nesse ínterim os atravessamentos da problemática étnico-racial. Por meio do aporte teórico da antropologia urbana, evidencia-se como a convergência entre espaço e ações deram sentido àquele lugar, que representam formas táticas especializadas e simbólicas, fazendo do espaço público contemporâneo um legítimo espaço político da diferença.

 

 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ALMEIDA, S. L. Racismo estrutural. São Paulo: Sueli Carneiro, 2019.

ARQSC. Projeto da Praça Monte Serrat começa a sair do papel. Portal ArqSC. 22 maio 2019. Disponível em: https://arqsc.com.br/projeto-da-praca-monte-serrat-comeca-a-sair-do-papel. Acesso em: 27 maio 2020.

CAMPOS, R. A. No caminho dos tigres: retrato de um rio e sua relevância como espaço público para a população negra de Florianópolis-SC. Conflitos e conquistas do passado e do presente. In: Jornadas Antropológicas do Programa de Pós-graduação em antropologia Social (PPGAS), Universidade Federal de Santa Catarina, 2019, Florianópolis. Anais [...] Florianópolis: UFSC, 2019. p. 100-115.

CASTELLS, A. N. G. Reabilitações urbanas na cidade contemporânea: entre as formas de fazer a cidade e as formas de fazer na cidade. In: Alicia Norma Gonzáles de Castells e Letícia Nardi (org.), Patrimônio cultural e cidade contemporânea. Florianópolis: Editora da UFSC, 2012. p. 19 -28.

CERTEAU, M. A invenção do cotidiano. Artes de Fazer. 3. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 1994.

DOMINGUEZ, M. E. O “afro” entre os imigrantes em Buenos Aires: reflexões sobre as diferenças. 2004. Dissertação (Mestrado em Antropologia Social)- Faculdade de Antropologia, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2004.

FLORIANÓPOLIS. Decreto Municipal nº 244/1997, de 3 de junho de 1997, regulamenta a Lei nº 2668, de 28.09.87, que autoriza o poder executivo a conceder, por adoção, a administração de áreas públicas. Florianópolis: Câmara Municipal, 1997.

GEHL, J. Cidades para pessoas. 3. ed. São Paulo: Perspectiva, 2013.

GROH, V. Vilson Groh: depoimento [março. 2020]. Entrevistador: Rafael Alves de Campos. Florianópolis: SC, 2020. Arquivo digital sonoro. Entrevista concedida ao autor.

GUPTA A.; FERGUSON J. Mais além da cultura: espaço, identidade e política da diferença. In: ARANTES, A. A. (org.). O espaço da diferença. Campinas: Papirus, 2000. p. 31- 49.

JACQUES, P. B. Estética da ginga: a arquitetura das favelas através da obra de Hélio Oiticica. 4. ed. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2003.

JESUS, C. M. Quarto de despejo: diário de uma favelada. 10. ed. São Paulo: Ática, 2014.

HAESBAERT, R. Da multiterritorialidade aos novos muros: paradoxos da desterritorialização contemporânea. Niterói: Universidade Federal Fluminense, p. 1-15, 2011. Disponível em: http://docplayer.com.br/23779417-Da-multiterritorialidade-aos-novos-muros-paradoxos-da-des-territorializacao-contemporanea.html. Acesso em: 15 out. 2020.

LEFEBVRE, H. O direito à cidade. 5. ed. São Paulo: Centauro. 2001.

LEITE, R. P. Contra-usos e espaço público: notas sobre a construção social dos lugares na Manguetown. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v.17, n. 49, p.115-134, 2002.

MAIA, C. G. A. A revolução vem do pastinho: escrevivências antropológicas sobre vozes negras em Florianópolis- SC. 2019. Dissertação (Mestrado Antropologia Social)- Faculdade de Antropologia, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2019.

ORNSTEIN, S. W.; VILLA, S. B.; FRANÇA, A. J. G. L. Avaliação pós-ocupação na arquitetura, no urbanismo e no design: da teoria à prática. São Paulo: Oficina de Textos, 2018.

RIBEIRO, D. Pequeno manual antirracista. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.

SANTOS, A. L. Do mar ao morro: a geografia histórica da pobreza urbana em Florianópolis. 2009. Tese (Doutorado em Geografia)- Faculdade de Geografia, Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 2009.

SCHMID, C. Henri Lefebvre, o direito à cidade e a nova tendência metropolitana dominante. Revista PLOT, Buenos Aires, n. 7, Edição Especial Super Urbano, p. 184-193, dez. 2017.

STEFANELLI, R. (coord.). Casan 45 anos: uma história cheia de futuro. Florianópolis: Fábrica de Comunicação. 2016.

SUGAI, M. I. Segregação silenciosa: investimentos públicos e dinâmica socioespacial na área conurbada de Florianópolis (1970 /2000). Florianópolis: Editora da UFSC, 2015.

Downloads

Publicado

2021-03-11

Como Citar

ALVES DE CAMPOS, R.; NORMA GONZÁLEZ DE CASTELLS, A. .; MAGALHÃES JEFFE, A. P. .; DO VALLE PEREIRA LOCH, M. A constituição de espaços públicos pela negritude e branquitude em Florianópolis: Os casos da Avenida Hercílio Luz e Praça do Monte Serrat. Cadernos de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo, [S. l.], v. 20, n. 2, p. 41–57, 2021. DOI: 10.5935/cadernospos.v20n2p41-57. Disponível em: http://editorarevistas.mackenzie.br/index.php/cpgau/article/view/constituicao.espacos.publicos.cadernos.pos.au.2020.2. Acesso em: 5 maio. 2024.

Edição

Seção

Artigos