Campo dêitico digital na construção de sentidos do texto.

Autores

Palavras-chave:

dêixis, Campo dêitico digital, Enunciação, Tecnotextos, Interações digitais.

Resumo

Este artigo tem como objetivo explorar o universo da dêixis e da criação de campos dêiticos, incluindo o campo dêitico digital. Inspirado nas reflexões iniciadas por Martins (2024) em sua tese de doutorado, examinamos como a dêixis se manifesta por meio de sistemas semióticos além do verbal, como o imagético, o gestual e o sonoro, nos textos em ambiente digital, e como isso afeta a coconstrução de sentidos. Pretendemos ampliar essa discussão teórica para contemplar outros modos de construir sentidos em ambientes digitais e refletir sobre os efeitos das perspectivas sociais, discursivas e tecnológicas na linguística textual brasileira. Adotamos a noção de campo dêitico de Hanks (2008), que combina as propostas de Bühler (1934) e Bourdieu (1981). Para Bühler, o campo dêitico é mostrativo e funciona como um guia para os interlocutores na cena enunciativa, enquanto o campo simbólico é mais convencional e representacional. Bourdieu expande essa visão ao relacionar o campo à ampliação do conceito de situação comunicativa para incluir posicionamentos sociais, culturais e discursivos. Assumimos que os campos dêiticos são construídos a partir de múltiplos papéis sociais que os agentes assumem nas interações. Considerando a perspectiva interdisciplinar, relacionamos a noção de campo dêitico à antropologia, à sociologia e à teoria da comunicação, buscando compreender como os agentes se revestem de identidades e papéis sociais nos textos. Isso nos permite analisar como os valores socioculturais emergem na interação e se imbricam nos recursos tecnodiscursivos (Paveau, 2020). No estudo de Hanks (2008), o campo dêitico envolve os valores simbólicos das ações em comunidades de indivíduos. Ele redefine a visão de situação comunicativa imediata de Bühler para considerar o cenário como palco de encenação. Assim, o campo dêitico é entendido como uma interseção entre os campos mostrativo e simbólico, ancorado nos contextos sociais e emergente nas interações. Essa ampliação da noção de campo dêitico nos permite compreender como os agentes constroem sentidos, negociam referentes e assumem papéis sociais nas interações textuais no ambiente digital. A dêixis é um fenômeno que abarca uma série de recursos, como a ostensividade, a demonstração, a intersubjetividade e a instauração da origem, todos eles enraizados no contexto social de onde emergem, permeados pelos valores e crenças que os constituem. Neste contexto, refletimos sobre a dêixis e o campo dêitico, buscando aplicá-los ao ambiente digital, conforme sugerido por Martins (2024). Isso implica considerar os aspectos tecno-lógicos que são essenciais para a produção, reprodução, disseminação e construção de sentidos nos textos digitais nativos.

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Biografia do Autor

Mônica Magalhães Cavalcante, Universidade Federal do Ceará

É graduada em Letras pela Universidade Estadual do Ceará (1985); tem mestrado em Linguística pela Universidade Federal do Ceará (1996) e doutorado em Linguística pela Universidade Federal de Pernambuco (2000). Em 2003, fez pós-doutorado em Linguística pela Unicamp. Desde 1989, é professora da Universidade Federal do Ceará e, atualmente, é bolsista CNPq de Produtividade em Pesquisa nível PQ-1. Tem experiência na área de linguística textual, com ênfase em referenciação, intertextualidade, metadiscursividade, argumentação, heterogeneidades enunciativas, gêneros do discurso, articulação tópica e sequências textuais.

Mariza Angélica Paiva Brito, Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira

Professora Adjunta da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-brasileira (UNILAB) e do Mestrado em Estudos da Linguagem (Unilab); Bolsista de Produtividade em Pesquisa da FUNCAP (BPI/CE); Pós-Doutora em Linguística de Texto, Mestre e Doutora em Linguística pelo Programa de Pós-Graduação em Linguística da UFC. Líder do GELT - Grupo de Pesquisa em Linguística Textual (CNPq / UNILAB) e Vice-líder do PROTEXTO - Grupo de Pesquisa em Linguística (CNPq / UFC). Membro do GT Linguística do Texto e Análise da Conversação, da Associação Nacional de Pesquisa em Letras e Linguística (ANPOLL); Graduada em Psicologia pela Universidade Federal do Ceará; Desenvolve pesquisas na área de Linguística Textual, heterogeneidade enunciativa e argumentação.

Mayara Martins, Universidade Federal do Ceará

Doutora e Mestra em Linguística pelo Programa de Pós-Graduação em Linguística da Universidade Federal do Ceará. Graduada em Letras-Português pela mesma instituição. Pesquisadora do grupo de pesquisa Protexto desde 2014, atua na área de Linguística Textual, desenvolvendo pesquisas com foco na referenciação, na interação, na metadiscursividade e na argumentação, em interface com fatores sociais, culturais e tecnológicos, especialmente em relação à interação homem-computador (IHC)/interação homem-máquina.

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Publicado

2024-09-13

Como Citar

Cavalcante, M. M., Brito, M. A. P., & Martins, M. (2024). Campo dêitico digital na construção de sentidos do texto. Todas As Letras - Revista De Língua E Literatura, 26(2), 1–13. Recuperado de http://editorarevistas.mackenzie.br/index.php/tl/article/view/17145

Edição

Seção

Dossiê Temático - Abordagens teórico-analíticas do texto