CHAMADA 2024/2: Dossiê Temático - Abordagens teórico-analíticas do texto

2024-03-19

Anunciamos a chamada para publicação de artigos no dossiê temático do segundo número de 2024, v. 26, n. 2 (abril/2024):Abordagens teórico-analíticas do texto

Data de início das submissões: 01/04/2024

Prazo final de submissão: 01/05/2024

Comissão organizadora: Prof. Dr. José Gaston Hilgert (UPM) e a Dra. Mônica Magalhães Cavalcante (UFC)

Os textos submetidos serão avaliados por pareceristas pelo sistema blind review.

Recomendamos a leitura das Diretrizes para Autores antes de fazer a submissão.

Ementa:

  • O enunciado é “a unidade real da comunicação discursiva”, diz Bakhtin (2011, p. 269). Dessa definição emanam duas questões essenciais para o estudo do texto: primeiro, o fato de o enunciado ser uma unidade de comunicação discursiva, explicita a natureza interativa do discurso, o que equivale a dizer que a condição de existência de um discurso é a relação dele com outros discursos. Essa condição decorre da própria natureza da enunciação, que, como sabemos, se realiza na interação entre um eu e um tu, que mutuamente se constituem e se instituem como sujeitos da enunciação, no próprio ato de enunciar. É, então, desse caráter interativo da enunciação que decorre ser o seu produto, o enunciado, uma unidade de comunicação discursiva. E, em segundo lugar, o discurso só se torna uma unidade real de comunicação, na medida em que ele se objetiva em alguma expressão textual, até porque não há enunciação fora da intermediação textual. “O texto é a realidade imediata (realidade do pensamento e das vivências) (...). Onde não há texto, também não há objeto de pesquisa e de pensamento” (2011, p. 307).

    Respaldada nesse fundamento bakhtiniano, a revista Todas as Letras convida pesquisadores, que têm o texto como objeto de estudo, a publicarem resultados de suas pesquisas no dossiê Abordagens teórico-analíticas do texto. O foco do dossiê é amplo e, por isso, acolherá trabalhos que desenvolvam a temática textual em diferentes perspectivas teóricas, desde a ótica da Linguística Textual, da Semiótica Discursiva, da Pragmática, até a da Linguística Interacional. Serão bem-vindos trabalhos que privilegiem questões teórico-críticas relativas ao aprofundamento ou ao avanço recente de determinado campo na área de estudos do texto. Igualmente aguardados são estudos que se voltem à análise da realidade socio-histórico-cultural engendrada e revelada nos textos, até porque, no dizer de Greimas (1974, p. 22), “só se pode falar de coisas a partir do texto, do que se descobre no texto”. Nesse âmbito analítico-aplicativo merecerão atenção especial práticas destinadas à dinamização do estudo do texto, em suas variadas formas de expressão (verbal, não verbal e sincrética ou multimodal), na escola. E por fim, quer o dossiê também acolher estudos sobre a produção textual na internet, discutindo, por um lado, a natureza específica do denominado por Marie-Anne Paveau de “discurso digital nativo”, e definido por ela como “o conjunto das produções verbais elaboradas on-line, quaisquer que sejam os aparelhos, as interfaces, as plataformas ou as ferramentas da escrita” (2021, p. 28); e analisando, por outro lado, textos produzidos nesse âmbito com as mais variadas características e propósitos. 

    Referências: BAKHTIN, M. M. Estética da criação verbal. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2011; GREIMAS, A. J. “L’Enonciation: une posture épistémologique”. Significação – Revista Brasileira de Semiótica, nº 1, Centro de Estudos Semióticos A. J. Greimas: Ribeirão Preto (SP), 1974. pp. 09-25); PAVEAU, M-A. Análise do discurso digital: dicionário das formas e das práticas. Campinas: Pontes Editores, 2021.