A leitura como forma de cura: uma analogia entre o engajamento com os clássicos e a prática terapêutica
Palavras-chave:
Obra clássica, Polifonia, Prática terapêutica, AberturaResumo
Este artigo propõe uma analogia entre a leitura de obras literárias clássicas – caracterizadas por sua abertura interpretativa e inesgotabilidade – e a prática terapêutica, especialmente conforme delineada pelas abordagens de Carl Rogers e Carl Gustav Jung. Partindo da ideia de que tanto o texto clássico quanto a relação terapêutica instauram um espaço de indeterminação, argumenta-se que ambos favorecem a emergência de um diálogo entre o sujeito e o seu potencial inconsciente, que é projetado sobre essa indeterminação. Para realizar tal tarefa, o artigo é seccionado em três partes. Na primeira, com a ajuda de Bakhtin, explora-se brevemente o fenômeno do não fechamento e da inesgotabilidade da obra. Na segunda, partindo da filosofia existencialista de Martin Buber, descreve-se o fenômeno do não fechamento em si. Constrói-se aqui uma ponte entre o leitor e a obra, já que o não fechamento é um ingrediente que deve necessariamente estar presente tanto na obra clássica quanto na terapia rogeriana e junguiana. Na terceira parte, por fim, explora-se o efeito curativo que o não fechamento pode ter, no relacionamento terapêutico. As considerações finais são dedicadas à conexão dos pontos da analogia que nos propomos a traçar – ligando escritor e terapeuta, obra polifônica e relacionamento analítico, terapeuta e analisando (doravante denominado cliente) e, por fim, o potencial inconsciente ainda não realizado presente em ambos – no intuito de demonstrar um paralelo entre os efeitos da terapia e da leitura dos clássicos.
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