A imersão do leitor e a quarta parede na poética de Ana Martins Marques

Autores

  • Rodrigo Fonte Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

Resumo

Os poemas de Ana Martins Marques se constituem por certa corporeidade lírica que, envolvendo o leitor em seu processo imagético, paradoxalmente o frustra quanto à existência de uma realidade outra. Tal movimento, próprio à encenação teatral, foi entendido como “a quebra da quarta parede”, e nos três primeiros livros da poeta mineira funciona como uma forma de pensar a escrita de uma ambiência poética e sua recepção. Com uma forte carga de narratividade, em que o eu lírico elabora imagens-personagens bastante nítidas como Penélope e Ulisses, Ana Martins Marques toma de empréstimo algumas ferramentas teatrais para modelar uma interessante poesia-prosa. Isso posto, o presente estudo objetiva dissertar acerca da inter-relação entre os gêneros lírico e dramático, em que o leitor, à exemplo do espectador teatral, se vê motivado a encontrar a si mesmo nos interstícios dos versos mediante um processo de escavação de sentidos.

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Biografia do Autor

Rodrigo Fonte, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

Doutorando em Letras Vernáculas (Literatura Brasileira) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

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Publicado

2018-05-30

Como Citar

Fonte, R. (2018). A imersão do leitor e a quarta parede na poética de Ana Martins Marques. Cadernos De Pós-Graduação Em Letras, 18(1). Recuperado de http://editorarevistas.mackenzie.br/index.php/cpgl/article/view/10608