A imersão do leitor e a quarta parede na poética de Ana Martins Marques
Resumo
Os poemas de Ana Martins Marques se constituem por certa corporeidade lírica que, envolvendo o leitor em seu processo imagético, paradoxalmente o frustra quanto à existência de uma realidade outra. Tal movimento, próprio à encenação teatral, foi entendido como “a quebra da quarta parede”, e nos três primeiros livros da poeta mineira funciona como uma forma de pensar a escrita de uma ambiência poética e sua recepção. Com uma forte carga de narratividade, em que o eu lírico elabora imagens-personagens bastante nítidas como Penélope e Ulisses, Ana Martins Marques toma de empréstimo algumas ferramentas teatrais para modelar uma interessante poesia-prosa. Isso posto, o presente estudo objetiva dissertar acerca da inter-relação entre os gêneros lírico e dramático, em que o leitor, à exemplo do espectador teatral, se vê motivado a encontrar a si mesmo nos interstícios dos versos mediante um processo de escavação de sentidos.
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