Avaliação de mobilidade e equilíbrio em crianças e adolescentes: Revisão de literatura
Palavras-chave:
Mobilidade funcional, Equilíbrio funcional, Avaliação funcional, Desenvolvimento infantilResumo
O desenvolvimento neuropsicomotor é caracterizado por mudanças físicas e neurológicas que se iniciam desde a concepção e envolve aspectos biológicos, sociais, afetivos e psíquicos. A alteração no meio desse processo pode ser um sinal de desordem ou atraso motor. Sendo assim, é importante realizar uma avaliação que possibilite identificar déficits, limitações e restrições. Para isso, é necessário o uso de testes ou escalas validados e confiáveis, que permitam uma mensuração adequada de incapacidade e uma melhor interpretação dos achados. O objetivo deste estudo é realizar uma revisão da literatura sobre a utilização e confiabilidade dos testes Timed Up and Go (TUG), Functional Reach Test (FRT), Timed One Legged Stance (TOLS), Bruininks-Oseretsky Test of Motor Proficiency (BOTMP) e Timed Up and Down Stairs (TUDS) para avaliação de mobilidade e equilíbrio funcional em crianças e adolescentes. Para este fim, foram consultadas as plataformas PubMed, PEDro, Scholar Google e SciELO, utilizando-se as palavras-chave “Mobilidade funcional”, “Equilíbrio funcional”, “Avaliação funcional”, “Children”, “Adolescent”, “Test”, “Balance”, “Mobility”, excluindo-se estudos com população adulta, revisões sistemáticas ou com discussões consideradas irrelevantes ao objetivo proposto. Foram escolhidos 26 estudos para uma leitura seletiva na íntegra e, dentre eles, foram selecionados 17 artigos que atenderam aos critérios estabelecidos. Concluiu-se que o teste BOMTP apresentou baixa confiabilidade com uso limitado no meio clínico, porém, eficiente na avaliação da proficiência motora grossa em crianças com DMD no estágio inicial da doença, além de poder ser utilizado para acompanhar o desenvolvimento motor de indivíduos com TEA. Os testes FRT, TOLS, TUG e TUDS foram considerados de fácil aplicação e baixo custo, apresentando boa confiabilidade em crianças com déficits motores. O TUDS se mostrou pouco efetivo quando comparado ao TUG para o uso na população com Síndrome de Down. Indivíduos com PC executam mais facilmente o teste TUG, quando comparado ao teste TUDS. Na avaliação do equilíbrio estático e dinâmico pelos testes FRT e TUDS, o primeiro demonstrou ser mais fácil para indivíduos com acometimentos mais graves. Modificações podem otimizar a confiabilidade e aplicação dos testes em determinadas populações.
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