A Obra do Arquiteto Gustavo Penna e sua Relação com a escultura de Amilcar de Castro

Resumo

O presente artigo tem como objetivo identificar as principais características presentes na obra residencial do arquiteto mineiro Gustavo Penna. Para tanto foram selecionadas e analisadas as Residência Borges (1999), Residência Lagoa Santa (2001) e Residência Lincoln (2007). Esta investigação revela íntimas relações entre a poética da arquitetura de Penna com a da obra do escultor Amilcar de Castro, demonstrando pontos de convergência decorrente da cultura mineira, marcada pela poesia e pela simplicidade. Além disso, procedimentos de corte e a dobra, adotados pelo escultor, também são evidenciados, de modo alusivo, na arquitetura de Penna. A partir de entrevistas concedidas pelo arquiteto, e do material gráfico coletado em seu escritório, foi possível investigar conceitos fortemente presentes nas obras analisadas. Para tanto foi necessário adotar alguns critérios de análise, que norteassem esta investigação. Assim, cada obra foi analisada perante os seguintes aspectos: 1. forma; 2. espaço; 3. inserção na paisagem; 4. pureza da geometria; 5. leveza; 6. sensações provocadas pelo percurso do expectador. Esses aspectos foram analisados graficamente, a partir dos seguintes diagramas: (i).acesso e perímetro; 

(ii).circulação e uso; (iii).grau de compartimentação; (iv).hierarquia dos espaços; (v).simetria e equilíbrio; (vi).campos visuais; (vii).geometria; (viii).adições e subtrações.

Os resultados obtidos permitem afirmar que os conceitos declarados pelo arquiteto estão, de fato, presentes nas obras analisadas, de modo coerente e fundamentado. Além disso, percebe-se claramente que, de modo indireto, reverberam conceitos presentes na obra de Amilcar de Castro na obra do arquiteto. Portanto, o artigo contribui para a análise da obra residencial de um arquiteto importante no cenário atual da arquitetura, destacando traços da cultura mineira e a poética dos espaços em sua obra.