Lembranças Depositadas: A Construção de uma Memória Organizacional no Extinto Banco da Lavoura de Minas Gerais

Autores

  • Denis Alves Perdigão Universidade Federal de Juiz de Fora
  • Amon Narciso de Barros Universidade Federal de Minas Gerais
  • Alexandre de Pádua Carrieri CEPEAD / FACE / UFMG
  • Suélen Rodrigues Miranda CEPEAD / FACE / UFMG

Palavras-chave:

Memória organizacional. Construção da memória. História. Artefato de memória. Banco da Lavoura.

Resumo

O presente artigo discute a construção da memória organizacional a partir da análise do vídeo Memória do Tempo, produzido pelo extinto Banco da Lavoura de Minas Gerais em 1960 em comemoração aos 35 anos de sua fundação. Na ação, que aqui denominamos de ‘um exercício de futurologia’, documentos e objetos também ficaram trancados em uma urna criada para tal fim até o ano 2000, quando foi reaberta. Foi analisado o discurso organizacional registrado no vídeo Memória do Tempo, que ficou trancado na urna por quarenta anos, como programado no planejamento da atividade. Realizamos também a coleta e análise de entrevistas com ex-empregados do Banco da Lavoura. A pesquisa se valeu especialmente de referenciais sobre a construção da memória e da identidade organizacional, a fim de discutir a intencionalidade que permeia a construção de certo registro sobre a memória e a história, que busca representar o passado da organização. Os resultados da análise demonstraram que a gestão organizacional tinha o interesse de preservar a história e memória da organização, mas, não de qualquer história e memória. Não interessava recordar os insucessos, os fracassos, as fragilidades organizacionais, tampouco visou construir uma história com base nas memórias dos empregados, já que eles pouco aparecem no material que analisamos. Interessava fazer conhecer aquilo que colaboraria para a projeção de certa identidade organizacional e de uma memória de como o passado aconteceu. Assim, a memória se faz objeto de disputa e é construída ativamente de forma a contribuir para a forma como a organização é lembrada. Só assim, seria capaz de ajudar na construção de uma boa imagem perante os trabalhadores e a sociedade. Embora o banco estudado não exista mais e, por isso, não abrigue mais uma comunidade de “lavourenses”, o trabalho permite refletir sobre esforços análogos de preservação (e construção) da memória que possam ser realizados por outras organizações.

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Biografia do Autor

Denis Alves Perdigão, Universidade Federal de Juiz de Fora

Professor do Departamento de Administração da Universidade Federal de Juiz de Fora. Doutorando em Administração na Universidade Federal de Minas Gerais. Pesquisador do Núcleo de Estudos Organizacionais e Sociedade (NEOS).

Amon Narciso de Barros, Universidade Federal de Minas Gerais

Mestre em Administração pelo Centro de Pós-Graduação e Pesquisas em Administração da Universidade Federal de Minas Gerais

Doutorando do Centro de Pós-Graduação e Pesquisas em Administração da Universidade Federal de Minas Gerais (Bolsista da FAPEMIG).

Interesses de pesquisa em movimentos sociais e estudos organizacionais; teoria crítica;  memória da administração.

Alexandre de Pádua Carrieri, CEPEAD / FACE / UFMG

Doutor em Administração pela Universidade Federal de Minas Gerais (2001). Professor titular do CEPEAD/FACE/UFMG. Coordenador do NEOS - Núcleo de Estudos Organizacionais e Sociedade.

Suélen Rodrigues Miranda, CEPEAD / FACE / UFMG

Possui graduação em Administração pela Universidade de Passo Fundo (2011). Atualmente é mestranda em Administração pela Universidade Federal de Minas Gerais, linha de pesquisa Estudos Organizacionais e Sociedade.

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Publicado

2014-12-08

Edição

Seção

Gestão Humana e Social