AS GRAMÁTICAS DE LÍNGUA PORTUGUESA DO SÉC. XVI: QUESTÕES LINGUÍTICAS, POLÍTICAS E IDENTITÁRIAS

Autores

Resumo

Este artigo explana a respeito dos aspectos linguísticos, políticos e identitários imbricados na construção das primeiras gramáticas de Língua Portuguesa, no século XVI, de João de Barros e Fernão de Oliveira. O quadro teórico que sustenta as análises é o da Historiografia Linguística (KOERNER, 1996, 2014; SWIGGERS, 2009, 2012; AUROUX, 2009). A questão que permeia a pesquisa e nos impele à busca ao entendimento é: Em que medida é possível encontrar na leitura das primeiras gramáticas da Língua Portuguesa traços políticos e identitários arraigados aos aspectos linguísticos? De antemão, afirmamos que as primeiras gramáticas de uma língua, conforme processo de Gramatização descrito por AUROUX (2009), foram feitas com objetivos diversos, ou seja, com vistas ao ensino, seja da língua materna ou do latim, mas também como forma de delinear e marcar a identidade do povo que fala aquela língua. Os aspectos políticos envolvidos na construção de tais gramáticas se devem não só às perspectivas de domínio político e expansão territorial, questões profundamente incutidas ao largo espírito do homem renascentista, mas também ao fato das obras gramaticais se constituírem como espaço de institucionalização da língua naquele dado momento histórico, de grande fervor nacionalista e desejo imperial.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Nelci Vieira Lima, Universidade Cruzeiro do Sul

Mestre e Doutora pela Pontificía Universidade Católica de São Paulo e Pós-doutoranda pela Universidade Cruzeiro do Sul, pelo PNPD (CAPES.

Referências

Fontes primárias

BARROS, João de. Gramática da Língua Portuguesa. Cartinha, Gramática, Diálogo em Louvor da nossa Linguagem e Diálogo da Viciosa Vergonha. Lisboa, 1540. Introdução, leitura atualizada e notas por Maria Leonor Carvalhão Buescu. Imprensa Nacional- Casa da Moeda, 1971.

OLIVEIRA, Fernão de. A Gramática da Linguagem Portuguesa. Lisboa, 1536. Introdução, leitura atualizada e notas por Maria Leonor Carvalhão Buescu. Imprensa Nacional- Casa da Moeda, 1975.

Fontes secundárias

AUROUX, Sylvain. A revolução tecnológica da gramatização. Tradução: Eni Puccinelli Orlandi. Campinas, UNICAMP, 1992. 121

BARROS, Diana Luz Pessoa de. O discurso da norma na gramática de João de Barros. Revista Alfa, São Paulo, 45, 11-32, 2001.

BORGES NETO, José. A teoria da linguagem de Fernão de Oliveira. In: ABAURRE, M. Bernadete, PFEIFFER, Claudia, AVELAR, Juanito (Orgs.). Fernão de Oliveira: um gramático na história. Campinas, SP, Pontes Editores, 2009, p. 43-51.

CASAGRANDE, Nancy dos Santos. A implantação da Língua Portuguesa no Brasil do século XVI: um percurso historiográfico. São Paulo: EDUC, 2005.

LEITE, Marli Quadros. O nascimento da gramática portuguesa: uso e norma. São Paulo: Paulistana; Humanitas, 2007.

KOERNER, E. F. Konrad. Practicing linguistic historiography: select essays. Amsterdan & Philadelphia: John Benjamins, 1989.

________________. Questões de persistem em historiografia linguística. IN: Revista da ANPOLL, nº 2, p. 47-70, 1996. 123

_______________. Quatro décadas de historiografia linguística: estudos selecionados. Publito, Estúdio de Artes Gráficas, Braga, 2014.

SWIGGERS, P. La historiografia de lalingüística: apuntes y reflexiones. In: Revista argentina de historiografia linguística, I, 1, 67-76, 2009.

_______________. Linguistic historiography: object, methodology, modelization. In: Todas as Letras: Revista de Língua e Literatura – Universidade Presbiteriana Mackenzie – V. 14, Nº 1, São Paulo, 2012.

_______________. “Histoire et Historiographie de l’ ensignemente du français: modèles, objets et analyses”. Éstudes de Linguistique Appliquée. Daniel Coste (ed.) nº 78, 1990.

Downloads

Publicado

2017-08-15

Como Citar

Lima, N. V. (2017). AS GRAMÁTICAS DE LÍNGUA PORTUGUESA DO SÉC. XVI: QUESTÕES LINGUÍTICAS, POLÍTICAS E IDENTITÁRIAS. Cadernos De Pós-Graduação Em Letras, 17(1). Recuperado de http://editorarevistas.mackenzie.br/index.php/cpgl/article/view/10247