Comportamento Adaptativo em Adolescentes Típicos: Efeito do Sexo e Nível Socioeconômico

Resumo

O comportamento adaptativo, ainda que historicamente associado ao campo da deficiência intelectual, deve ser investigado em diferentes contextos, já que déficits nessas habilidades limitam a independência dos indivíduos e afetam sua participação na sociedade. À vista disso, buscou-se analisar o comportamento adaptativo de adolescentes com desenvolvimento típico, visando investigar se sexo e nível socioeconômico são variáveis influentes na apresentação dessas habilidades. Para tanto, 84 responsáveis por meninos (n = 43) e meninas (n = 41) com idades entre 10 e 19 anos responderam à Escala Vineland de Comportamento Adaptativo – II e um questionário de dados socioeconômicos. Não foram encontradas diferenças significativas nas comparações de médias e na classificação das pontuações em função do sexo do adolescente. Em relação ao nível socioeconômico, os adolescentes com nível socioeconômico alto foram avaliados com pontuação significativamente maior no subdomínio de “Leitura e Escrita” (p = 0,020) e foi observada diferença marginalmente significativa no subdomínio de “Relações Interpessoais”, com pontuações maiores para adolescentes com nível socioeconômico baixo (p = 0,058). Foi verificada uma correlação negativa marginalmente significativa de pequena magnitude (r = –0,279; p = 0,070) entre a pontuação socioeconômica e a pontuação dos meninos no subdomínio “Brincar e Lazer”. O sexo não foi uma variável relevante para diferenciar o CA na amostra estudada. Diante disso, é possível que as demandas para o desenvolvimento do CA no contexto brasileiro sejam semelhantes para ambos os sexos, enquanto as diferenças em função do nível socioeconômico reforçam a necessidade de que o sistema educacional utilize estratégias para superar as desigualdades sociais no desenvolvimento de habilidades acadêmicas como leitura e escrita.