A Teoria do Discurso do Carnaval Multicultural do Recife: Uma Análise da Festa Carnavalesca de Recife à Luz da Teoria de Laclau e Mouffe
Palavras-chave:
Carnaval. Recife. Teoria do Discurso. Laclau e Mouffe. Política.Resumo
Tendo em vista a importância da festa de carnaval para a cidade do Recife, é natural que o evento envolva uma pluralidade de vozes presentes na construção dos significados relacionadas à festa. Neste sentido, optamos por recorrer à Teoria do Discurso de Laclau e Mouffe – que trata das articulações discursivas de diferentes agentes em torno de significados na construção de um discurso – na tentativa de buscar resposta ao seguinte questionamento: como se formou o discurso do Carnaval Multicultural do Recife? À procura por caminhos metodológicos coerentes com nossa pesquisa e com as escolhas teóricas que estabelecemos, assumimos uma abordagem crítica, de corrente pós-estruturalista e matriz pós-marxista, adotando uma estratégia de pesquisa qualitativa. A construção de nosso corpus de pesquisa se deu por meio de duas etapas distintas. Em primeiro lugar, através de leituras preliminares identificamos os diferentes grupos relevantes que estabelecem algum envolvimento com o Carnaval Multicultural do Recife. Em seguida se deu a construção do corpus, composto por meio de pesquisa documental, a fim de acessar as fontes discursivas objeto do nosso estudo. No que compete à análise dos dados, recorremos à Análise de Discurso de vertente francesa em articulação com a Teoria do Discurso de Laclau e Moufe. Os discursos contrários ao formato atual da festa demonstram não possuírem força articulatória suficiente para fazerem frente a todas as posições discursivas que se articulam em favor do carnaval do Recife. Esta cadeia de equivalência favorável parece articulada o bastante para atribuir sentido ao significante vazio “Carnaval Multicultural do Recife”, que aponta para a diversidade cultural como ponto nodal que propicia ao discurso oficial definido pelo governo municipal ocupar o espaço de hegemonia em torno desse discurso. A festa surge como um espaço de diversidade e pluralidade cultural, fonte de oportunidade econômica para diversos agentes. Por fim, apontamos como limitação deste estudo o fato de termos focado a análise na esfera das políticas públicas, do Estado, não acessando a dimensão do capital privado enquanto agente influenciador da configuração da festa. Neste sentido, apontamos como possibilidade de estudo a ser desenvolvido em oportunidades futuras uma análise do Carnaval Multicultural do Recife a partir da perspectiva das organizações privadas envolvidas com a realização da festa.
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