Silêncio nas Organizações: Uma Revisão e Discussão da Literatura
Palavras-chave:
Comportamento Organizacional, Estudos Organizacionais, Levantamento Bibliográfico, Silêncio, Voz.Resumo
O objetivo deste trabalho é apresentar como o silêncio tem sido estudado por pesquisadores de gestão ou áreas afins (como a psicologia ou comunicação organizacionais). Ignorado por longo tempo, o silêncio emerge como uma área frutífera de pesquisa devido a diversas consequências que ele pode causar para os empregados (e.g., estresse, angústia, baixa auto-estima e dissonância cognitiva), para as organizações (e.g., absenteísmo, maior rotatividade, baixa produtividade) e para a sociedade (e.g., não denúncia de ilegalidades cometidas pelas organizações). Faz-se um levantamento bibliográfico com base na divisão em três ondas de pesquisa sobre a evolução dos estudos de voz e silêncio nas organizações baseado em Brinsfield, Edwards e Greenberg (2009), com foco no silêncio. Da primeira onda (1970-80) são apresentados: o conceito de voz e a subsunção do silêncio ao conceito de lealdade; as “Espirais de Silêncio” e o “Efeito Mudo” (MUM effect). Da segunda onda (1980-2000): a “denúncia de irregularidades organizacionais” (whistleblowing); a “discordância organizacional baseada em princípios” (principled organizational dissent); a justiça organizacional; a “promoção de questões” (issue selling); a cidadania organizacional; o ostracismo social e a “síndrome do surdo” (deaf-ear syndrome). Da terceira onda (2000 em diante): o silêncio organizacional; o silêncio dos empregados; retirada do trabalho (job withdrawal); aprendizagem organizacional e transferência de conhecimento. Observou-se que as pesquisas, principalmente no caso da terceira onda, têm evoluído de pesquisas conceituais e qualitativas para pesquisas quantitativas, havendo questionamentos de alguns pesquisadores sobre a necessidade de se utilizar outras abordagens teórico-metodológicas além das de inspiração positivista. A pesquisa brasileira sobre silêncio, apesar do pequeno volume, contribui na compreensão do fenômeno na medida em que se insere na agenda atual, buscando fazer pontes entre o conhecimento obtido no estrangeiro e sua relação com a cultura local (caso do whistleblowing), questionando a unilateralidade das pesquisas em determinado tema (caso do silêncio organizacional) ou buscando compreender o silêncio também como espaço de compreensão e aprendizagem. Por fim, sugere-se que sejam feitos estudos sobre silêncio que compreendam outras línguas latinas, como também que as pesquisas brasileiras futuras levem em consideração a cultura e características locais, considerando também outras abordagens teórico-metodológicas para compreensão do fenômeno.
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