As Representações Sociais Circulantes no Período de Margem do Ritual de Passagem: o Caso dos Peritos Criminais em Estágio Probatório

Autores

  • Neusa Rolita Cavedon Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Palavras-chave:

rituais, representações sociais, estágio probatório, perícia criminal, etnografia.

Resumo

O trabalho tem por objetivo identificar as representações sociais construídas pelos peritos criminais em estágio probatório, portanto, no período de margem do ritual de passagem. A noção de ritual norteadora do artigo está baseada nos autores Turner (1974), Van Gennep (1978), DaMatta (1978;1983), Rivière (1997), Segalen (2000) e Peirano (2003) e é definida como um momento extraordinário onde os valores e conhecimentos são apresentados aos neófitos como forma de inseri-los no universo cultural no qual estão ingressando. As representações sociais construídas ao longo desse período vão apresentar peculiaridades inerentes à posição ocupada pelos neófitos. Sendo que as representações sociais, de acordo com Sperber (2001), dentro de uma ótica antropológica, emergem de uma composição articulada em torno da representação em si, do conteúdo dessa representação, de um usuário e de um produtor (que em alguns casos pode ser o próprio usuário). As representações mentais são aquelas construídas no interior do usuário. As representações públicas são as representações mentais compartilhadas entre as pessoas de um determinado grupo. Os sujeitos integrantes de uma comunidade ou grupo social, cada um deles possui em seu interior uma gama de representações mentais, sendo que parte desse saber ou dessas representações serão ao se tornarem públicas, compartilhadas entre os integrantes do grupo. Assim, os sujeitos vão construir suas representações mentais semelhantes a aquela originalmente publicizada.   O método etnográfico permitiu acompanhar os ingressantes desde o estágio da separação até o momento de margem. A observação participante e simples foi empreendida desde maio de 2009 até junho de 2012 junto aos neófitos. As representações circulantes na fase de liminaridade contemplaram o trabalho como: desgaste emocional, um valor positivo, interferindo na vida familiar, identificado como CSI, positivo e negativo aos olhos da polícia, humor negro e falta de recursos. Vale destacar que a humildade e as críticas acompanhadas de aspectos positivos foram acionadas, mesmo sendo os neófitos ingressantes no setor público, o que confirma as teorizações elaboradas por antropólogos que enfatizam a humildade e o comedimento como sendo comportamentos esperados na fase de margem do ritual de passagem.

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Biografia do Autor

Neusa Rolita Cavedon, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Neusa Rolita Cavedon - Doutora em Administração pelo Programa de
Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal do Rio Grande do
Sul.  Professora na Escola de Administração da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul. Pesquisadora do CNPq.Interesses de pesquisa: culturas
organizacionais, representações sociais, identidade, empresas familiares.


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Publicado

2014-02-06

Edição

Seção

Gestão Humana e Social