Gestão Gerencialista e Estilos de Vida de Executivos
Palavras-chave:
Gestão Gerencialista. Subjetividade. Estilos de vida. Executivos. Contemporaneidade.Resumo
Aos estilos de vida da sociedade líquido-moderna (Bauman, 2001; 2007), associam-se indicadores de desempenhos vinculados ao curto prazo e à obsolescência condizentes com a gestão gerencialista (Gaulejac, 2007). Tal modo de gestão, constituído em essência por características ideológicas, aproveita-se dos discursos ligados a eficiência e eficácia para gerar uma falsa neutralidade da gestão nos ambientes de trabalho. O gerencialismo ganha vulto ainda ao expandir as mais diversas prescrições para além das empresas, contribuindo para que outras esferas da vida passem a ser produzidas segundo os moldes definidos pela gestão. Nesse contexto merecem atenção os executivos, por se caracterizarem como ícones da (re)produção de estilos de vida (Tanure; Carvalho Neto & Andrade, 2007; Gaulejac, 2007; Boltanski & Chiapelo, 2009). Diante disso, indagou-se: que possíveis influências da gestão gerencialista encontram-se na produção de estilos de vida de executivos? E constituiu-se o objetivo de compreender que elementos da gestão gerencialista promovem a (re)produção de seus estilos de vida. Para tanto, tomou-se como método a história de vida. Tecidas a partir da realização de entrevistas em profundidade e analisadas à luz da literatura pertinente, as histórias de vida de dois executivos permitiram apontar que os seguintes elementos contribuem para a (re)produção dos estilos de vida de executivos: a glamourização do mundo executivo; as constantes situações de pressões vivenciadas no dia-a-dia de trabalho; a despersonalização do trabalhador avaliado com base em índices e resultados; e a relação com a família intimamente alcançada pela lógica da gestão. Ao produzir um indivíduo que se vê seduzido pelo glamour, a gestão gerencialista apresenta sua faceta de máquina produtiva e de controle social, uma vez que os estilos que dela resultam são estilos de vida, não somente de uma parcela da vida. Tal recurso, de certo modo, instila características e sensações compensatórias que mascaram os sofrimentos ou mesmo os mecanismos de poder e dominação existentes em tais modos de gestão.
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