Gestão Gerencialista e Estilos de Vida de Executivos

Autores

  • Leonardo Tonon Universidade Tecnológica Federal do Paraná
  • Carmem Ligia Iochins Grisci Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Palavras-chave:

Gestão Gerencialista. Subjetividade. Estilos de vida. Executivos. Contemporaneidade.

Resumo

Aos estilos de vida da sociedade líquido-moderna (Bauman, 2001; 2007), associam-se indicadores de desempenhos vinculados ao curto prazo e à obsolescência condizentes com a gestão gerencialista (Gaulejac, 2007). Tal modo de gestão, constituído em essência por características ideológicas, aproveita-se dos discursos ligados a eficiência e eficácia para gerar uma falsa neutralidade da gestão nos ambientes de trabalho. O gerencialismo ganha vulto ainda ao expandir as mais diversas prescrições para além das empresas, contribuindo para que outras esferas da vida passem a ser produzidas segundo os moldes definidos pela gestão. Nesse contexto merecem atenção os executivos, por se caracterizarem como ícones da (re)produção de estilos de vida (Tanure; Carvalho Neto & Andrade, 2007; Gaulejac, 2007; Boltanski & Chiapelo, 2009). Diante disso, indagou-se: que possíveis influências da gestão gerencialista encontram-se na produção de estilos de vida de executivos? E constituiu-se o objetivo de compreender que elementos da gestão gerencialista promovem a (re)produção de seus estilos de vida. Para tanto, tomou-se como método a história de vida. Tecidas a partir da realização de entrevistas em profundidade e analisadas à luz da literatura pertinente, as histórias de vida de dois executivos permitiram apontar que os seguintes elementos contribuem para a (re)produção dos estilos de vida de executivos: a glamourização do mundo executivo; as constantes situações de pressões vivenciadas no dia-a-dia de trabalho; a despersonalização do trabalhador avaliado com base em índices e resultados; e a relação com a família intimamente alcançada pela lógica da gestão. Ao produzir um indivíduo que se vê seduzido pelo glamour, a gestão gerencialista apresenta sua faceta de máquina produtiva e de controle social, uma vez que os estilos que dela resultam são estilos de vida, não somente de uma parcela da vida. Tal recurso, de certo modo, instila características e sensações compensatórias que mascaram os sofrimentos ou mesmo os mecanismos de poder e dominação existentes em tais modos de gestão.

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Biografia do Autor

Leonardo Tonon, Universidade Tecnológica Federal do Paraná

Doutor e mestre em Administração pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, bacharel em Administração pela Universidade Estadual de Maringá. Professor adjunto na Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campus Curitiba. Temas de interesse: tecnologia e trabalho na contemporaneidade.

Carmem Ligia Iochins Grisci, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Doutora em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Pós-doutorado pela Universidade Técnica de Lisboa. Professora do Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Pesquisadora CNPq. Interesses de pesquisa: trabalho, gestão e subjetividade.

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Publicado

2014-07-17

Edição

Seção

Gestão Humana e Social