Divisão do Trabalho Social e Arranjos Produtivos Locais: Reflexos Econômicos de Efeitos Morais de Redes Interorganizacionais

Autores

  • Gustavo Melo Silva Universidade Federal de São João del-Rei
  • Jorge Alexandre Barbosa Neves Universidade Federal de Minas Gerais

Palavras-chave:

Arranjos Produtivos Locais, Produção Territorial, Divisão do Trabalho Social, Relações Sociais, Estrutura Social.

Resumo

A realidade atual das atividades econômicas pode ser caracterizada como uma sociedade industrial organizada em territórios divididos e especializados, o que reforça a individualidade de indivíduos e organizações, mas também aumenta a solidariedade entre aqueles que pertencem a arranjos produtivos locais (APL). Este artigo teórico apresenta implicações sociológias que emergem em estratégias de organizações em APL por meio do referêncial teórico da sociologia econômica. Este recorte teórico não vem sendo utilizado em sua plenitude para a compreensão da imersão da estratégia em uma realidade socioeconômica territorial. Pode-se perceber que uma das principais características competitivas, denominadas como atuais dentro do discurso empresarial e até mesmo de políticas de desenvolvimento econômico, é a necessidade de as empresas atuarem de forma conjunta e associada em determinados territórios, sejam estes distritos industriais, regiões, municípios ou cidades. Portanto, a aglomeração é uma possibilidade concreta para o desenvolvimento empresarial a partir de estruturas organizacionais baseadas na associação, complementariedade, compartilhamento, troca e ajuda mútua, que têm como referência as redes, que também compõem a estrutura social de mercados e reforçam a discussão durkheiminiana de que a competição também gera a solidariedade. As ações econômicas individuais não estão livres de pressões estruturais e suscetíveis de serem interpretadas dentro da lógica puramente aditiva e mecânica da agregação. As pressões estruturais que pesam sobre a ação econômica não se reduzem às necessidades inscritas, em dado momento do tempo, nas disponibilidades econômicas imediatas ou na instabilidade das interações. Os interesses econômicos de mercado estão para a nova sociologia econômica imersos em redes pessoais e de grupos sociais. O mercado, portanto, não se constitui de organizações isoladas, como nos modelos de concorrência perfeita da ciência econômica, mas de aglomerados organizacionais que formam uma estrutura social. As aglomerações produtivas que decorrem, muitas vezes, de estratégias competitivas globais, por meio de reflexões com o auxíluo teórico da sociologia econômica nos permite identificar questões relacionadas a racionalidade da ação coletiva e das redes sociais. Estas implicações podem ser consideradas nos estudos em estratégia organizacional com a contribuição da sociologia econômica para a compreensão da imersão da racionalidade empresarial.

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Biografia do Autor

Gustavo Melo Silva, Universidade Federal de São João del-Rei

Doutor em Sociologia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Professor do Departamento de Ciências Administrativas e Contábeis (DECAC) da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ). Interesses de pesquisa: Sociologia das Organizações, Sociologia Econômica, Desenvolvimento Regional e Administração Pública.

Jorge Alexandre Barbosa Neves, Universidade Federal de Minas Gerais

Doutor em Sociologia pela University of Wisconsin (Madison/EUA). Professor do Departamento de Sociologia e Antropologia (SOA) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Interesses de pesquisa: capital humano, salários, empregabilidade, determinação de rendimentos, educação e análise organizacional de processos sociais e econômicos.

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Publicado

2012-09-24

Edição

Seção

Recursos e Desenvolvimento Empresarial