Paradigmas ambientais nos relatos de sustentabilidade de organizações do setor de energia elétrica

Autores

  • Sabrina Soares da Silva Universidade Federal de Alfenas
  • Ricardo Pereira Reis Universidade Federal de Lavras
  • Robson Amâncio Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

Palavras-chave:

Sustentabilidade, Paradigmas ambientais, Antropocentrismo, Ecocentrismo, Relatórios de sustentabilidade

Resumo

O objetivo desse estudo foi compreender os significados atribuídos à sustentabilidade nas organizações e como esses significados se relacionam aos paradigmas ambientais compartilhados. Abordou-se o antropocentrismo, em suas vertentes individualista e coletivista, o ecocentrismo, também individualista e coletivista, e a sustentabilidade-centrismo. Foi feita uma análise qualitativa descritiva, fundamentada na análise de conteúdo, dos relatórios de sustentabilidade e alguns discursos disponíveis nos sítios eletrônicos de três organizações do setor de geração e distribuição de energia. Os significados atribuídos à sustentabilidade estão associados, em sua maior parte, ao paradigma antropocêntrico individualista, não tendo sido observado um rompimento com a busca de se atender unicamente os interesses dos proprietários das organizações. Nessa visão, relacionou-se sustentabilidade a conceitos como os de crescimento, rentabilidade, liderança ou boas práticas de governança nas organizações. Também na vertente individualista, mas se aproximando ao ecocentrismo, associou-se a sustentabilidade ao cumprimento da legislação ambiental e à ecoeficiência. Observaram-se posicionamentos ligados ao antropocentrismo, mas com alguma proximidade com sua vertente coletivista, quando a sustentabilidade é vista como diferentes formas de investimentos e programas sociais e responsabilidade social. De forma similar, a associação com a responsabilidade socioambiental também buscou uma visão mais coletivista, mas buscando não restringir suas preocupações apenas à humanidade, mas também às outras formas de vida. Ainda que tais significados busquem, de alguma forma, expressar preocupações coletivistas, ainda não seria equivalente a dizer que a organização é sustentável. Nenhum dos significados atribuídos à sustentabilidade remete a seu sentido original, associado à superação da dicotomia entre a humanidade e natureza e à manutenção da biota como um todo no longo prazo. Os discursos organizacionais, mesmo quando se referiam à sustentabilidade, tinham como tema central o relato dos resultados financeiros das organizações, fortalecendo o paradigma antropocêntrico individualista. As ações sociais e ambientais apresentadas nesses relatórios contribuem na busca de soluções para alguns problemas socioambientais, mas ainda são bastante pontuais e isoladas, não indicando mudanças na visão de mundo dominante.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Sabrina Soares da Silva, Universidade Federal de Alfenas

Doutora em Administração pelo Departamento de Administração e Economia da Universidade Federal de Lavras

Professora do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Federal de Alfenas

Ricardo Pereira Reis, Universidade Federal de Lavras

Doutor em Economia Rural pelo Departamento de Economia Rural da Universidade Federal de Viçosa

Professor Titular do Departamento de Administração e Economia da Universidade Federal de Lavras

Robson Amâncio, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

Doutor em Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade pelo Instituto de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

Professor do Instituto de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro

Downloads

Publicado

2011-03-18