José Manoel da Conceição e João Maria de Agostini: duas faces na religiosidade popular

Autores

  • Jair de Almeida Jr Mackenzie

Resumo

Embora nascido na cidade de São Paulo, José Manoel da Conceição foi criado por seu tio-avô padre, depois da morte de sua mãe e o novo matrimônio de seu pai. Seu novo logradouro passou a ser Sorocaba. A educação do ainda infante José Manoel se deu com forte influência Jansenista, com ênfase na penitência e na introspecção. Já como sub-diácono, assinou a acta da Revolta Liberal, em 17 de maio de 1842, provavelmente mais por simpatia a seu “padrasto” e ao povo, do que à causa propriamente dita. Logo depois, José Manoel vai trabalhar em uma pequena vila chamada Ipanema, localizada ao pé do monte Guarassajava, originada pela instalação de uma fundição, iniciativa do governo federal. Foi em uma caverna dessa exata montanha que João Maria, o primeiro “monge” (conceito análogo ao “beato” do Nordeste) do Contestado, foi morar. De igual forma, foi na capela da Vila, onde assistia José Manoel como sub-diácono, que foi franqueada a palavra ao eremita pelo diretor da fundição. Na véspera do natal de 1844, João Maria faz o seu registro de estrangeiro em Sorocaba, declarando já ser residente na região. Sabe-se que chegou ao Brasil no Pará, onde embarcou no dia 19 de agosto de 1844 para o Rio de Janeiro, no vapor Imperatriz. Por alguns dias, José Manoel e João Maria tiverem oportunidades de encontro, uma vez que em 29 de setembro de 1844, o primeiro é ordenado diácono e sai do “bairro” e volta para o “centro”, regressando para Sorocaba. Outras possibilidades são vistas nas celebrações do natal de 1844 e as visitas de José Manoel aos seus amigos protestantes, em Ipanema. A probabilidade de terem tido algum contato pode encontrar algum apoio no modelo “religioso popular” adotado por José Manoel posteriormente, visto na simplicidade quase andrajosa, na recusa do recebimento de qualquer dádiva como “pagamento” ou mesmo gratidão pelos serviços religiosos prestados, a convivência direta com o povo ao invés da religião institucionalizada.  Mesmo historicamente, as vidas de José Manoel e João Maria se aproximam, ao terem sido envolvidos em duas insurreições: a Revolta Liberal e a Guerra do Contestado, respectivamente. É provável que José Manoel ainda conservasse algumas influências de seu catolicismo anterior, especialmente vistas em sua tendência à independência não rebelde (jansenismo), à solidão (monasticismo), o que inclui a continuidade do celibato, embora tenha manifestado seu desacordo quanto a esta prática, ainda como católico. Possivelmente, esta opção foi exercida por ser mais conveniente ao modelo de evangelismo que adotara. Tal argumentação serve para mostrar que é plausível a hipótese dos dois personagens terem se encontrado, e, quem sabe, ter servido de influência para que José Manoel assumisse um modelo de “religioso popular” em sua evangelização protestante.

 

Palavras Chave: José Manoel, João Maria, religioso popular, itinerância.

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Biografia do Autor

Jair de Almeida Jr, Mackenzie

Ciências da Religião

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Publicado

2011-12-20

Como Citar

de Almeida Jr, J. (2011). José Manoel da Conceição e João Maria de Agostini: duas faces na religiosidade popular. Revista Ciências Da Religião - História E Sociedade, 9(2). Recuperado de http://editorarevistas.mackenzie.br/index.php/cr/article/view/3212

Edição

Seção

Artigos