Paisagem, raça e justiça ambiental em Macapá (AP)
reflexões sobre a trama hídrica e sociorracial de uma cidade amazônica
DOI:
https://doi.org/10.5935/cadernospos.v23n2p121-141Palavras-chave:
Amazônia, Justiça ambiental, Planejamento da paisagem, Macapá.Resumo
Nas cidades da Amazônia, o processo de urbanização mantém similaridades com as cidades do centro-sul do país, mas há um intenso entrelaçamento entre os processos sociais e os sistemas ambientais (água, vegetação e relevo), que conferem a idiossincrasia dessas paisagens, ao mesmo tempo que articula processos de degradação ambiental com segregação racial. Em que pesem os avanços dos processos predatórios nesse contexto, este artigo busca compreender os processos de urbanização na cidade de Macapá, identificando sobreposições entre a transformação da sua trama hídrica e a exclusão da população negra. Para isso, adota uma abordagem qualitativa, combinada com análise documental e elaboração de cartografia, a qual engloba recortes espaciais da parte central e da área de expansão da cidade. A pesquisa tem como base os conceitos de planejamento da paisagem e de justiça ambiental e revela que o avanço da urbanização alterou o território por meio das mudanças das características biofísicas, de modo a gerar injustiça ambiental para determinados grupos sociais historicamente marginalizados.
Palavras-chave: Amazônia, justiça ambiental, planejamento da paisagem, Macapá.
Downloads
Referências
ARAÚJO, R. As cidades da Amazónia no século XVIII: Belém, Macapá e Mazagão. Porto: Faup, 1998.
BEZERRA NETO, J. Escravidão negra no Grão-Pará. Belém: Paka-Tatu, 2001.
BRITO, D.; BASTOS, C.; FARIAS, R. Ambiente, cultura e territorialidade na Área de Proteção Ambiental do Rio Curiaú - AP. Ciência Geográfica, v. 21, n. 2, 2017.
BULLARD, R. Dumping in Dixie: race, class, and environmental quality. New York: Routledge, 1990.
CANTUÁRIA, E. APA do Rio Curiaú e a cidade de Macapá: relações sociais, jurídicas e ambientais. 2011. Dissertação (Mestrado em Direito Ambiental e Políticas Públicas) – Universidade Federal do Amapá, Macapá, 2011.
CARVALHO, B. Habitação popular na Amazônia: o caso das ressacas na cidade de Macapá. Curitiba: Appris, 2020.
CORNER, J. Terra Fluxus in Waldheim. Princeton: The Landscape Urbanism, 2006.
COMPANHIA DE PESQUISA DE RECURSOS MINERAIS (CPRM). Cartas de suscetibilidade a movimentos gravitacionais de massa e inundações. Belém: CPRM., 2015. [Cartografia digital, formato shapefile].
FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO (FJP). Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDU). Macapá: Ministério do Interior, 1973.
GARCIA, M.; VASCONCELOS, A.; PONTES, L. A cidade no estuário do Rio Amazonas: mapeando apagamentos e sobrevivências na convivência com as águas na cidade de Macapá-AP. In: Encontro Nacional de Ensino de Paisagismo nas Escolas de Arquitetura do Brasil, 16., 2022, Cuiabá. Anais [...]. Cuiabá: Enepea, 2022.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Censo demográfico 2010. Resultados do universo. Disponível em: http://www.ibge.gov.br. Acesso em: 7 jan. 2023.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Contas regionais Amapá PIB 2019. Macapá: Seplan, 2021. Disponível em: https://editor.amapa.gov.br/arquivos_portais/publicacoes/SEPLAN_d186d52e74e6c70dc12e7a5a62a8c380.pdf. Acesso em: 7 jan. 2023.
HERCULANO, S. Riscos e desigualdade social: a temática da justiça ambiental e sua construção no Brasil. Indaiatuba: Encontro da ANPPAS, 2002.
HOUGH, M. Cities and natural process. Londres: Routledge, 1995.
MACEDO, L. Janarismo em foco: a representação fotográfica da cidade de Macapá durante a formação do Território do Amapá (1944-1956). 2020. Tese (Doutorado em Urbanismo) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2020.
MARICATO, E. Urbanismo na periferia do mundo globalizado. Metrópoles brasileiras. São Paulo em Perspectiva, v. 14, n. 4, 2000.
MATSUNAGA, M. Quando a água vira cidade: urbanização e moradia em Macapá, AP. 2021. Tese (Doutorado em Urbanismo) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2021.
McHARG, I. Design with nature. New York: American Museum of Natural History, 1969.
METZGER, J. O que é ecologia de paisagens? Biota Neotropica, Campinas, v. 1, n. 1, 2001.
PESSOA, M.; VENERA, R. (Re)pensando o passado e o presente dos afrodescendentes a partir da Fortaleza de São José de Macapá. Revista do Desenvolvimento Regional, v. 12, n. 2, 2015.
PONTES, L. Espaço (em) aberto: brechas à reinvenção do projeto e da paisagem, um estudo sobre a cidade de Macapá. 2021. Tese (Doutorado em Urbanismo) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2021.
PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE MACAPÁ (PMM). Lei n. 26, de 4 de fevereiro de 2004.
Institui o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental de Macapá e dá outras providências. Macapá: Prefeitura Municipal, 4 fev. 2004. Disponível em: https://leismunicipais.com.br/plano-diretor-macapa-ap. Acesso em: 20 set. 2023.
QUEIROZ, S. Território quilombola do Curiaú e área de proteção ambiental do Rio Curiaú: interpretações dos conflitos socioambientais pela economia ecológica. 2007. Dissertação (Mestrado em Planejamento do Desenvolvimento) – Universidade Federal do Pará, Belém, 2007.
Secretaria de Estado de Cultura do Pará (SECULT). O Pará por Augusto Montenegro. Paris: Imprimerie Chaponet (Jean Cussac), 1908.
SPIRN, A. O jardim de granito. São Paulo: Edusp, 1995.
TOSTES, J. Planos Diretores no estado do Amapá: uma contribuição para o desenvolvimento regional. Macapá: Tostes Editora, 2006. 192 p.
VILLAÇA, F. Espaço intra-urbano no Brasil. São Paulo: Studio Nobel: Fapesp: Lincoln Institute, 1998.
Downloads
Publicado
Versões
- 2023-12-20 (2)
- 2023-12-20 (1)
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Thales Barroso Miranda, Louise Barbalho Pontes, Matheus Cleber Melo Garcia
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
a) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
b) Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com indicação de que foi publicado originalmente nesta revista, com link para o artigo.